Resenha por: Uillian Vargas
Passados dois anos do último
lançamento (Pale Communion – 26/08/2014), Opeth joga em nossos braços a mais
nova “filha”: “Sorceress”, que ganhou a luz do novo mundo no último dia de
setembro de 2016. Mesma data que, em 1061, o mundo conheceu o primeiro livro impresso,
através da máquina fabricada por Gutenberg. Emblemática data, hein? (ou não?).
Já na segunda faixa do disco, que
dá nome à bolacha, é possível perceber que o som da guitarra está muito mais
pesado do que nos últimos dois trabalhos da banda. Isso só confirma o que
Fredrik Akesson já havia afirmado em inúmeras entrevistas de pré-lançamento.
Ainda na faixa “Sorceress” é identificável como Joakim Svalberg administra
muito bem o Hammond em linha paralela à guitarra (ou vice-versa, a sua
escolha). Ressaltando o que há de mais contextual e consolidando o que o Opeth
já construiu dentro do Progressivo, a segunda faixa ainda apresenta uma alusão
ao Stoner e uma pitada muito discreta de Grunge. Uma receita que, se
apresentada antes de finalizar, seria tida como inexecutável. Não esqueçam,
estamos falando de Opeth, claro que funcionou e muito bem!
Essa pegada destoa totalmente da
continuação da música, “Sorceress Pt2”, mas incrivelmente é uma belíssima
melodia muito bem construída, praticamente um “lullaby” harmônico. Uma suplica
ou uma despedida talvez, muito bem embalada pelo dedilhado cromático do violão
de Fredrik Åkesson. Perfeito prelúdio para “The Seventh Sojourn”, que invade os
ouvidos numa balada flamenca, que remete aos costumes mouros (de arrepiar).
“Sorceress” certamente é o
espectro mais eclético do Opeth, e por isso, nós os saudamos. Ainda que
eclético, reserva uma carga impressionante de identidade. Quero dizer:
diferente, mas ao mesmo tempo não foge à identidade da banda. Isso se percebe
ao levarmos em conta as outras obras do grupo. A este fator, damos os nomes:
herança cultura e patrimônio inspiracional. O disco atual poderia ter sido
considerado um “analgésico sonoro” entre “Watershed” (2008) e “Heritage”
(2011), se tivesse sido lançado entre esse período. Feita a consideração
atemporal, voltamos a 2016!
Se comparado com o trabalho
anterior, percebe-se que a influência Jazz deu adeus e no lugar dela reinou uma
inspiração mais setentista. Perceptível ao som do Hammond, do Melotron e da
Fender Rhodes 88, todos pilotados por Joakim. Este é o segundo álbum de Joakim
Svalberg com o Opeth, e sinceramente acredito que ele trouxe um som mais do que
merecido para o grupo. A energia harmônica entre o tecladista e a guitarra soa
com uma fluência cristalina (nesse momento, solte o play da própria “Sorceress”
e “The Wilde Flowers”). E já que mencionada, essa faixa revela outra tocha que
iluminou os caminhos do novo disco: Martín Méndez. O baixista mostrou a que
veio durante The Wilde Flowers, e a pegada se perpetua pela obra. Méndez
praticamente incendeia nas performances e merece muito mais crédito do que tem
recebido ultimamente.
Mikael Åkerfeldt talvez tenha
chegado ao patamar mais elevado de sua carreira com a criação e o auge da sua
“feiticeira”. Na ativa desde 1993 no Opeth (1995 Orchid - primeiro Full-length
a frente da banda), Mikael é, além de excelente vocalista, um músico
multifacetado: baixo e piano (1998), mellotron (2005), mellotron e Piano
(2011). Esses são grandes detalhes que conferem musicalidade impar e
incondicional ao grupo.
Um ponto não tão interessante? A “Persephone”
instrumental. Acredito que essa peça deu ao encerramento do álbum um aspecto
aberto, incompleto. Bem, pode ser que ela esteja dando uma pista de
continuidade e, caso seja essa a ideia, não ficou nítida (proposital? Quem
sabe?). Apesar deste pequeno detalhe o disco deixa claro que é um grande
catalisador de riffs pesados, melodias, influencias passadas e o poder absoluto
do vocal de Mikael.
Para encerrar esse capítulo de
“Sorceress”, não poderia deixar de citar a belíssima capa. Em cores exuberantes
e exibindo uma incrível transição de cores de forma alegremente mórbida, Travis
Smith (Cradle of Filth, Death, Demons & Wizards, Iced Earth, King Diamond,
Nevermore, etc. – a lista é enorme.) assina a “cereja do bolo”, com maestria de
quem já sabe muito bem o que quer fazer. Poderia dizer que o novo álbum chega
para transformar o Opeth no que a banda sempre foi: Um manancial de referência
musical! Mas querem saber? Esqueçam! Opeth é simplesmente impressionante!
Ao mundo, o disco ganhou vida
pela Moderbolaget Records e Nuclear Blast, aqui no Brasil veio pelas mãos da
Shinigami Records.
Lineup:
Mikael Åkerfeldt – vocal,
guitarra, letras e produção.
Fredrik Åkesson – guitarra, backing vocal
Joakim Svalberg – piano, teclado, backing vocal
Martín Méndez – baixo
Martin Axenrot – bateria e
percussão
Participação Especial:
Pascale Marie Vickery – narração em Persephone
e Persephone (Slight Return).
Track List:
1. Persephone
2. Sorceress
3. The Wilde Flowers
4. Will O the Wisp
5. Chrysalis
6. Sorceress 2
7. The Seventh Sojourn
8. Strange Brew (Åkerfeldt, Fredrik Åkesson)
9. A Fleeting Glance
10. Era
11. Persephone (Slight Return)
Limited edition bonus tracks CD 02*
1. The Ward
2. Spring MCMLXXIV
3. Cusp of Eternity (live with The Plovdiv
Philharmonic Orchestra)
4. The Drapery Falls (live with The Plovdiv
Philharmonic Orchestra)
5. Voice of Treason (live with The Plovdiv
Philharmonic Orchestra)
Links:
Facebook: https://www.facebook.com/Opeth
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