Resenha por: Uillian Vargas
Desde 1998 Frédéric Leclercq já
demonstrava vontade de montar o seu projeto voltado ao Black Metal para
blasfemar e despejar teorias caóticas aos quatro ventos. Pois bem, 18 anos mais
tarde o projeto tomou corpo físico e finalmente existe. Sinsaenum nasce em 2016
e reúne sob o mesmo signo Frédéric (Dragonforce), Joey Jordinson (ex-Slipknot,
Murderdolls, etc.), Sean Zatorsky (Dååth), Atilla Csihar (Mayhem), Heimoth (Seth)
e Stéphane Buriez (Loudblast) em uma união no mínimo inesperada (ou improvável,
para ser mais exato). E a naturalidade da banda? Trata-se de uma banda “Franco
– Estadunidense Húngara”, já que é impossível unir todos os países no mesmo
continente. Porém artisticamente estas fronteiras tornam-se limítrofes com
muita facilidade, afinal a música é fluente em uma única língua: A inspiração!
Claro que quando você escuta
alguns dos nomes, isso pode causar certo “torcicolo no nariz”: Frédéric e Joey
Jordinson juntos numa banda? E tocando Black/Death Metal?
Mas calma por um instante, às
vezes surpresas podem estar escondidas por trás da máscara (piada infame com o
ex-Slipknot). O primeiro ponto a ser ressaltado é o peso dos riffs e o
contraponto com os acordes que variam entre “melódico-rápidos e pesados”, de
fato algo surpreendente. O Segundo ponto brilhante do disco é que existem dois
vocais na banda (como assim?). Exatamente, são dois vocalistas em uma banda de
Black/Death Metal! Nessa formação, dá para arriscar o palpite que alguns
ingredientes (dois vocais) estão um pouco deslocados da realidade do estilo,
porém a combinação da voz de Sean Zatorsky e Attila Csihar trouxe um peso extra
para as execuções. Perfeito!
“Splendor and Agony” é um belo
cartão de visitas que dá uma amostra do potencial da banda. Rápida, pesada,
lamuriosa e os vocais trazem à tona, de fato, um tom de agonia e desespero.
Culmina com o solo muito bem construído que conecta com um groovasso pesado de
alto nível, um convite irrecusável para o “bater cabeça”. “Inverted Cross” é o
estandarte do Black Metal e talvez a faixa que vá fazer os fãs do estilo
prestarem atenção na banda e no disco.
Porém, o palpite para o ponto alto do disco
está duas músicas adiante: “Army of Chaos”. Refrão padrão e grudento, riffs gordos
com pegada mais técnica do Death Metal e vocais impregnados de fúria (bradando
ordens de caos) trazem solidez inigualável ao álbum “debut” da banda. Além do
mais a faixa é praticamente uma verdadeira ode ao Thrash Metal motivada pela
participação especial de Schmier (Destruction e Pänzer), Dr. Mikannibal (Sigh)
e Mirai Kawashima (Necrophagia, Post Mortem e Sigh).
“Echoes of the Tortured” (2016),
entrega satisfatoriamente mais de uma hora de sonoridade medida em
toneladas. E como não se cansar durante
a audição já que são 21 músicas? Tranquilo, pois das 21 faixas, 10 são
instrumentais e introdutórias da faixa seguinte e duram poucos segundos. O mais
interessante da obra, como um todo, é que qualquer influência de Dragonforce e/ou
Slipknot é absolutamente alheia ao disco. Não se sente nada de identidade com
estas bandas, a não ser a excelente qualidade dos músicos. Muito pelo
contrário, dá para identificar alguns riffs “a lá” Behemoth, Morbid Angel e
Deicide se querem saber. “Final Curse” traz até uma pitada de Cavalera
Conspiracy bem discreta pela rapidez e fúria da execução. Do ponto de vista analítico, as influencias
estão muito bem fundamentadas e trazem identidade ao trabalho, da nova banda.
Feeling de quem está há muito tempo na ativa dentro do mundo da música e já
sabe exatamente “aonde quer chegar” com suas obras. Talvez o único ponto “não
positivo” do material esteja justamente nas “faixas intro”. Para um disco de Black/Death
Metal existe um número muito alto de faixas introdutórias (10 delas, pelo
menos) que podem causar uma “quebra no clima”. Então vocês escutam uma pedrada
e quando ela acaba e você fica no aguardo do próximo “tijolasso”, entra uma
faixa instrumental que, ainda que sombria, é melodiosa e calma.
A mixagem e a masterização dessa
pedrada ficou a cargo de Jens Bogren, que já mixou gente grande como Kreator,
Grand Magus, Daydream, Opeth, Powerwolf, etc.
Quem assina a arte da capa é o
guitarrista e vocalista da Bloodway, Costin Chioreanu. Esta incursão no mundo
das cover Arts não é novidade, Costin já assinou capas de bandas bem conhecidas
como Spiritual Beggars, Arch Enemy, Darkthrone e (a brasileira) Krow.
Feita introdução à banda e seu
trabalho, estendido o currículo dos integrantes e feita à marcação dos pontos
do disco, fica aqui o convite à destruição sonora. Certamente vale muito a pena
conhecer o trabalho da banda. Esta é mais uma novidade que chega ao Brasil
pelas mãos (e dedicação) da Shinigami Records.
Lineup:
Sean Zatorsky – Vocal
Attila Csihar - Vocal
Frédéric Leclercq - Guitarra,
baixo e teclados
Heimoth - Baixo
Stéphane Buriez - Guitarra
Joey Jordison – Bateria
Tracklist:
1. Materialization - instrumental
2. Splendor and Agony
3. Excommunicare - instrumental
4. Inverted Cross
5. March - instrumental
6. Army of Chaos
7. Redemption - instrumental
8. Dead Souls
9. Lullaby - instrumental
10. Final Curse
11. Condemned to Suffer
12. Ritual - instrumental
13. Sacrifice
14. Damnation - instrumental
15. The Forgotten
16. Torment - instrumental
17. Anfang des Albtraumes
18. Mist - instrumental
19. Echoes of the Tortured
20. Emptiness - instrumental
21. Gods of Hell
Deluxe Edition bonus tracks
22. Oblivion -
instrumental
23. Death Is the Beginning
Facebook: https://www.facebook.com/Sinsaenum
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