Resenha - Banda: AttracthA - Álbum: No Fear to Face What's Buried Inside You (2016 - Shinigami Records/Dunna Records)

Resenha: Uillian Vargas
Revisão: Renato Sanson


Não são raras às vezes em que uma banda nacional precisa se esforçar para quebrar a estigma da “síndrome de vira-lata” (Ou seja: Se é brasileira, não deve ser boa. OU: Nem parece banda brasileira). AttracthA, oriunda de São Paulo e na ativa desde 2007 (com uma pequena pausa em 2011), nos presenteia com seu primeiro Full-length, intitulado “No Fear to Face What's Buried Inside You”. E sabe o que é melhor? Esse estigma passa longe do disco! Já no primeiro riff da “Bleeding in Silence” se percebe a seriedade e maturidade do som que está por vir.

Antecedido por um EP (“Engraved”-2013) e um single (“Unmasked Files”-2015), o Full demonstrou que a maturidade sonora da banda não exigiu longo tempo para atingir o ponto máximo aceitável, para que a banda encontrasse destaque entre as melhores da atualidade.

Bom, enquanto a primeira faixa do disco remete aos clássicos do rock ‘n’ roll (clichê talvez. Mas existem milhares de maneiras de estragar uma música sendo clichê. Não identifiquei nenhum por aqui), “Unmasked Files” (Revisited) abre as portas do ringue e libera a fúria ensimesmada. Nesse instante Ricardo Oliveira (guitarra) apresenta um paradigma sonoro, pois o instrumento soa tão claro e dialoga alto com o resto da música. O paradigma? A guitarra dá um espetáculo à parte, mas ao mesmo tempo está tão indivisível do resto da música, que parece (é) uma unidade sonora. Aliás, de tantos pontos altos do disco inteiro, Ricardo Oliveira é um dos mais fortes. Ainda que não categorizada dentro do thrash metal, observe toda carga de peso introduzida nas composições, e se fosse obrigatório categorizar AttracthA dentro de um único estilo, seria o “tonelada metal”. Ainda que pesado, o disco todo apresenta uma abordagem melódica equilibrada com precisão cirúrgica, pelo menos na sua superfície. “Move On”, uma composição com ritmo mais lento propicia espaço para algumas virtuosidades em seus micros intervalos. Aqui a música tem um nome escondido nas entrelinhas: Humberto Zambrin (bateria) e seus dois melhores amigos (pedais duplos). Ricardo Oliveira, mais uma vez, contrapondo discretamente pontos harmônicos precisos que preenchem a música.

Respeitando a receita sagrada do rock ‘n’ roll e do heavy metal tradicional, o disco traz uma power-ballad de respeito. O interessante de analisar “No More Lies” é perceber a fluência musical da banda e realizar tudo que está acontecendo por debaixo da superficialidade da execução. Uma introdução discreta e introspectiva, mas que aos 2min assume forma física e ganha corpo. Mas é aos 5m33s que Guilherme Momesso deixa bem clara a razão de empunhar o baixo na AttracthA. Ainda nessa faixa o que se ressalta, também, é o dinamismo vocal de Cleber Krichinak, que é administrado perfeitamente mesmo no momento que é preciso “pegar leve”. A faixa ainda conta com a participação especial de Maitê Gondin.

 Acertadamente, pode-se dizer que a banda se encontra em um momento de total “azeitamento”. E que alegria realizar bandas nacionais com tanta qualidade e profissionalismo. O tempo da brincadeira ficou no passado! Culminando a obra como um todo, o disco vem em um digipack altamente elaborado que se desdobra em quatro partes (apresentando os componentes da banda em cada um). E de tudo, se tivesse que apontar um “problema” no disco seria: é preciso de um tempinho pra pegar o jeito correto de dobrar as partes da capa, sem que danifique o digipack (mas ora se isso é um problema que se relate, esqueçam pelo amor de Deus!).  E se o álbum apresentou crescimento constante durante toda a execução, a faixa que encerra o trabalho não poderia deixar a desejar. “Payback Time” soube utilizar muito bem todo clima denso que “Victorious” (música anterior) trouxe e preparou um gran finale a altura. Rápida e certeira, “sem onde se esconder”, a sonzera final tem cheiro de vingança no ar.

A arte da capa ficou a cargo do já reconhecido internacionalmente João Duarte (Metal Church, Angra, M-19, Torture Squad, etc). Quem mixou e masterizou a obra foi Damien Rainaud (Almah, DragonForce, etc), sob o olhar cuidadoso da produção de Edu Falaschi. Mais um grande lançamento da Shinigami Records e Dunna Records.

Daqui em diante só resta um caminho, colocar as mãos no disco e dar trabalho ao player para constatar os pontos discorridos por aqui e muitos outros. Te liga nos canais da banda e da Shinigami para ficar por dentro dos próximos capítulos!




Tracklist:
1 - Bleeding in Silence  
2 - Unmasked Files (Revisited)
3 - 231  
4 - Move On
5 - Mistakes and Scars
6 - No More Lies
7 - Holy Journey
8 - Victorious
9 - Payback Time

Lineup:
Cleber Krichinak - Vocal
Humberto Zambrin - Bateria
Guilherme Momesso – Baixo
Ricardo Oliveira – Guitarra


Comentários