Resenha - Banda: Meshuggah - Álbum: The Violent Sleep of Reason (2016 - Shinigami Records/Nuclear Blast)
Resenha por: Uillian Vargas
Após um breve hiato (Koloss -
Full-length em 2012 e The Ophidian Trek - Live álbum 2014) finalmente os suecos
da Meshuggah estão de volta, com seu novo álbum intitulado “The Violent Sleep
of Reason”. Lançado mundialmente em 07 de outubro de 2016, o disco foi selado
pela Nuclear Blast (e no Brasil, pela Shinigami Records) e alcançou a posição
17 na “US Billboard 200”, em sua estreia. Agressivo, pesado, revolto, o disco
tem muito a contar sobre a evolução da banda e de como ele soa como um resgate
de essência.
O quinteto está na ativa desde
1987, porém o novo álbum é inspirado na obra do espanhol Francisco Goya,
chamado: The Sleep of Reason Produces Monsters. Uma busca de inspiração na arte
romântica e antiga, proveniente de um período em que os artistas buscavam
“razão para o sentido”. Não falei que a obra era um resgate? Eis um dos pontos!
Francisco Goya – Romantismo 1797
Na obra de Goya, decifra-se que o
artista era acometido de pesadelos terríveis e apavorantes, com presença de
corujas que se transformavam em morcegos. Assim como além do óleo na tela, a
sonoridade do novo disco do Meshuggah traz à tona um conceito muito mais pesado
e que vai além da música em si e da contemplação da(s) obra(s). Se o sono da razão produzia monstros no
passado, atualmente o que nos aconteceria se a razão simplesmente caísse
violentamente em sono profundo? Uma pergunta que não precisa ser respondida em
alto e bom som, apenas escute o disco e discorra mentalmente sobre a questão.
Sonoramente o álbum não inaugura nenhuma nova fase para a banda, então não é um
pecado relatar que ele se encaixa em algum lugar entre “Nothing” - 2006 e
“Koloss” – 2012. A versatilidade da banda permite a ousadia de manter a fórmula
do estilo, pois a qualidade musical proporciona música sem data de validade.
Então, estejam à vontade e continuem fazendo (muito bem) o que estão fazendo
agora que não irão causar desconforto algum. Essa mesma versatilidade, talvez,
esteja presente na banda pelo advento decontar com quatro compositores: Tomas
Haake (bateria), Mårten Hagström (guitarra), Fredrik Thordendal (guitarra) e
Dick Lövgren (baixo). Jens Kidman ficou encarregado de imprimir seu potente
vocal em tudo que foi escrito e musicado.
“Clockworks” é uma excelente
porta de entrada e mostra uma boa parte do dinamismo do grupo com um Technical
Groove agressivo contrapondo o cerne Djent do disco. Além de sonoridade, a
produção da bolacha foi inteligente na administração do setlist, pois a “Born
in Dissonance”, só acentua o que a primeira música havia introduzido. Aí só pra
confirmar, chega a (cheia de graças) “MonstroCity” em que Fredrik Thordendal
desce a mão sem dó nem pena, na guitarra (e a sonoridade e afinação das
guitarras lembra bastante Catch Thirtythree – 2005). Toda a brutalidade e peso
do disco não assuntam, até o ouvinte saber que o álbum foi gravado totalmente
ao vivo. Isso mesmo, todos os integrantes da banda, capturando os instrumentos
simultaneamente e no mesmo estúdio. Dessa forma foi possível impregnar as
execuções com sua crueza e fidelidade.
Apesar do álbum, como um todo, soar como um terremoto de alta escala,
pode ser que ele não seja o eclipse sonoro esperado pelos fãs. Complicado
estimar expectativa para o Meshuggah. Já sabemos as principais influencias, já
sabemos as propostas e a menos que a banda resolva “trilhar outros caminhos” (e
que eles não me escutem), não teremos grandes novidades nos trabalhos. E sinceramente, isto está longe de ser um
problema. Ah, mas ainda não é fã e não conhece o trabalho dos caras? Sem
problemas. Minha dica:
- Começa com Koloss, depois
escuta Catch Thirtythree (melhor de todos, em minha opinião) e dá um jeito de
colocar as mãos no “The Violent Sleep of Reason” de uma vez. Pronto, aqui está
a receita perfeita para “pegar o jeito” e treinar o ouvido. Claro, depois corre
atrás dos demais álbuns, que também valem muito a pena.
Ainda que o disco atual (talvez)
não supere os álbuns passados, é inegável que existe mais vida em “The Violent
Sleep of Reason”. Trata-se de composições e execuções mais orgânicas e
fluentes, isso demonstra maturidade e conhecimento.
Thomas Eberger (Behemoth, Amon
Amarth, Pain of Salvation, Symphony X, etc.) masterizou esse tijolasso, e ficou
um trabalho de primeira e muito bem equalizado. A capa foi concepção de
Luminokaya, um artista russo que já criou outras capas para a banda (inclusive
o afamado Koloss). Não perca tempo, dê
trabalho aos ouvidos, vale cada segundo!
Links de acesso:
Formação:
Jens Kidman - Vocal
Fredrik Thordendal - Guitarra
Tomas Haake - Bateria/Backing Vocal
Mårten Hagström - Guitarra
Dick Lövgren - Baixo
Tracklist:
1 - Clockworks
2 - Born in Dissonance
3 - MonstroCity
4 - By the Ton
5 - Violent Sleep of Reason
6 - Ivory Tower
7 - Stifled
8 - Nostrum
9 - Our Rage Won't Die
10 - Into Decay
10 - Into Decay
Comentários
Postar um comentário