Resenha - Banda: The Doomsday Kingdom - Álbum: The Doomsday Kingdom (2017 - Shinigami Records/Nuclear Blast)

Resenha por: Uillian Vargas


Impulsionado pelos ventos frios que sopram do mar báltico The Doomsday Kingdom se insurge para o mundo com seu self titled álbum. Apesar de o nome da banda (e do álbum) sugerir um reinado em apocalipse, dentro do gênero musical proposto, a Suécia é um reino em absoluta ascensão e tem presenteado o mundo do metal com grandes nomes que procederão ao tempo de sua existência. Sobrevindo de dois pré-lançamentos liberados em 2016 (Never Machine Demo EP com quatro músicas e Never Machine Sinlge – duas versões) o full length ganha mercado com oito belíssimas músicas, e algumas irão de encontro ao do doom metal enquanto outras irão demonstrar reforço ao estilo. Não há muito mistério, basta tonificar a afinação, distorcer o baixo ao máximo possível, adicionar uma bateria cadenciada e somar um vocal marcante. Será mesmo que dá para definir o estilo com estes ingredientes? Veremos!

Não há intenção nenhuma de “inventar a roda”, ela já existe e funciona muito bem por sinal. Neste sentido a música de abertura executou muito bem o chek-list. Leif Edling – backing vocal e baixo - (The Doomfather) acrescenta um vocal, um tanto, agudo para o estilo. Mas “calma lá”, não se deixe contaminar pela levada do vocal, o Doomfather sabe o que está fazendo, pois andou aprendendo com gente que está há muito tempo trilhando esse caminho. Integrou (ou integra) bandas renomadas: ex-Witchcraft, ex-Krux, ex-Nemesis, ex-Trilogy e atualmente Candlemass, Leif Edling e Avatarium (além do The Doomsday kingdom, claro). Então escute com atenção, pois a velha escola está presente o tempo todo durante as execuções. E já na “Silent Kingdom” isso fica bem marcado nas guitas e no baixo, que alternam entre o arrastado e ritmo cadenciado. Uma guirlanda sonora perfeita, do tipo que fica pendurada na porta da entrada da casa, dando um sinal de como é o clima dentro da residência. Aqui, a guirlanda se completa com um crucifixo invertido, ainda assim, sejam muito bem-vindos! “Never Machine” se percebe toda sensibilidade e dinâmica sonora da banda. Por ter sido single e demo se conclui que foi a música de maior trabalho da banda, fica menos difícil entender toda sonoridade composta em torno dessa faixa. Eis um espécime perfeito do doom metal muito bem construído. Surpreendente mesmo é “See You Tomorrow” momento em que Niklas Stålvind (Steelwind em inglês) – vocal - não se faz presente, pois a faixa trata de uma instrumental. Nesse instante o clima doom se dispersa e o que se escuta verte de toda inspiração folclórica da banda. Alguém, ouvindo, há de pensar em vento, folhas caindo, muito verde, rituais pagãos e evocações. De fato, há tudo isso na faixa, mas talvez se perguntar ao compositor, é possível que ele diga que não há nada disso na inspiração. Magia pura!

Tendo criado o clima de desconexão com o disco, chega “The Sceptre”. Particularmente, o possível ponto mais alto do disco. Guitarras fraseadas, grudadas uma na outra por riffs poderosos e contagiantes. Eis o momento em que a banda esbanja conhecimento musical e criatividade para fazer “chover no molhado” com uma perfeição admirável.  Ao ouvir, não haverá surpresa ou referência, mas o ouvido é simplesmente compelido a entender que, o que se escuta vem acompanhado de alta qualidade e merece replay (quantos forem necessários).

Inteligentemente a partícula divina fecha o álbum com um tijolasso providencial. “The God Particle”, arrastada em sua essência e entoando clima obscuro e denso, deixa perceptível a intenção da arquitetura sonora construída para a faixa. A revelação vem em forma de uma música mais calma (porém não tranquila) que servirá de créditos finais. As letras que sobem a tela ao final do filme ilustram os créditos dos integrantes em que deixam claro que “haverá mais”, sempre haverá mais! Inteligentemente, foi à palavra que usei para iniciar o parágrafo. A razão disso, é que “The God Particle”, além de muito bem arquitetada musicalmente, carrega na carona uma letra fascinante. Brincam com informações astrofísicas, sensações e situações, um prato cheio para que gosta de algo mais do que “simplesmente” música.

“Are we stuff of stars?
Vagabonds in time?
Aftershocks of chaos
Still makes waves in my wine…” - The God Particle

A grande verdade é que não há termômetro melhor do que colocar a bolacha pra rodar e medir as próprias conclusões, curiosidades e percepções. O álbum chega ao Brasil, mais uma vez, pelo excelente trabalho realizado pela Shinigami Records. Busca pelo face da Shinigami e se liga no face da banda, em ambos, novidades irão pintar. Não fica por fora do que acontece pelo mundo.


Line Up:
Niklas Stålvind - Vocal
The Doomfather - Baixo, Vocal (faixa - 8), Guitarra
Andreas Johansson – Bateria
Marcus Jidell     - Guitarra

Track list
1 - Silent Kingdom
2 - Never Machine         
3 - A Spoonful of Darkness        
4 - See You Tomorrow - instrumental
5 - The Sceptre  
6 - Hand of Hell
7- The Silence  
8 - The God Particle       






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