Vodu: “Acredito que escrevemos nossa parcela no nascimento e desenvolvimento do Heavy Metal Nacional, e levamos com naturalidade...”

Entrevista por: Renato Sanson

Músico: Sergio Facci (baterista) – Banda: Vodu (SP)


São mais de 35 anos de história e a alcunha de pioneiros do Heavy Metal nacional. Isso gerou algum tipo de pressão com o passar dos anos ou foi levado com naturalidade?

Foi encarado com naturalidade. Acredito que escrevemos nossa parcela no nascimento e desenvolvimento do HM Nacional, e levamos com naturalidade, apesar de na época não termos a noção exata do que estava acontecendo, pois éramos muito jovens, todos na faixa de 18/20 anos, e queríamos tocar Metal. Hoje, olhando para trás e vendo nossos LP’s sendo relançados em CD e com tanta gente curtindo, podemos ter mais certeza que fizemos um trabalho bem legal, e que influenciou uma galera.

De 1993 a 2015 o Vodu teve uma pausa. Mas sempre lembrado pelos fãs de música pesada quando se falava em pioneirismo. O que motivou a volta da banda?

Acredito que foi a vontade conjunta de reativar uma banda que participou do início do HM no Brasil! Todos estamos empolgados em tocar e fazer novos trabalhos.

Em 2020 foi lançado o aguardado álbum de retorno, “Walking With Fire” (4° álbum de estúdio), mantendo a chama do Heavy Metal mais que acesa e com grande poder melodioso. Se no começo de carreira tínhamos o Thrash/Speed como plano principal, nesta volta temos o Heavy Metal Tradicional latente e pulsante. Conte-nos o processo de criação e inspiração do mesmo.

Na verdade, o primeiro trabalho do VODU era mais HM tradicional, com algumas pitadas de Thrash. A partir do segundo LP – “Seeds Of Destruction”, que devido a uma outra formação, trilhamos mais para o Thrash/Speed. E essa formação que gravamos o “Wlaking With Fire” é basicamente a primeira, com a entrada do Paulo Lanfranchi (um dos guitas da 2ª formação). Por isso a tendência em mais HM latente e pulsante. Processo de criação, o André Góis tinha a maioria das bases e trazia para o ensaio, aonde preenchíamos os espaços vazios e lapidávamos as músicas. Pomba e Xinho também colaboram com músicas inéditas.

“The Final Conflict” (86) foi o ponta pé inicial, mas considero “Seeds Of Destruction” (87) a consolidação do Vodu. Agressivo, melódico e marcante. Em uma época em que o Heavy Metal mundial começava a despontar vocês já mostravam a que vieram e não devendo nada aos gringos. Com um disco tão poderoso, a falta de recurso da época impediu para chegarem a voos mais altos?

Pois é! A falta de recurso foi um fator determinante. O VODU não conseguiu um contato mais forte com uma gravadora estrangeira, e isso acredito que foi o fator mais importante, pois sem o apoio de fora, ANTIGAMENTE era muito difícil divulgar o trabalho fora do Brasil. A não ser alguns contatos, que eram feitos via correio.

Sergio, você é um dos remanescentes da formação original do Vodu. Porém para “Walking With Fire” você conseguiu unir ex-integrantes, inclusive trazendo de volta Andre aos vocais. Como foi reestruturar a formação atual?

Na verdade, não foi eu. O grande responsável por essa volta, foi o Felipe Machado – guitarrista do VIPER. No VIPPER DAY de 2014, fui convidado a participar da festa para tocar uma música com eles, e quando ceguei no camarim, vi que estavam outros integrantes da formação original do VODU – José Luis Xinho Gemignani (guitarrista), André Pomba Cagni  (baixista) e o André Góis (vocal). Todos ficamos surpresos com o encontro e nas conversas combinamos de nos reunirmos para tocar e criar algo novo. Foi assim que decidimos retornar ao cenário, com a proposta de fazer um novo trabalho e não sermos cover de nós mesmos!! Chamamos o Bruno Bomtempi Jr (outro guitarrista da 1ª formação), mas ele não podia retornar, então chamamos o Jeff Gouveia (guitarrista da segunda formação), que também não pode permanecer, e então fechamos a formação com o Paulo Lanfranchi que foi o guitarrista da segunda formação em diante.

Sabemos que os anos 80 apesar de dourados para o som pesado tinha toda a dificuldade de divulgação e logística, seja para tocar ou fazer os materiais chegarem até as pessoas. Mas mesmo assim o Vodu seguiu firme e realizando diversas turnês e shows Brasil a fora. Fale-nos um pouco sobre este começo e quais aqueles shows que foram inesquecíveis.

Sim!! Tudo era muito difícil, mas o VODU sempre foi uma banda de palco, estrada. Fazíamos verdadeiras loucuras, mas íamos sempre que era possível para qualquer lugar no Brasil e fora. Tudo em ônibus de linha, carregando instrumentos, etc. Fizemos alguns grandes shows. Dois shows na Argentina, abrimos em Brasília/DF para o Venom e Exciter, abrimos os shows do Motorhead em SP, Nasty Savage, e alguns festivais nacionais bem importantes no cenário. Os inesquecíveis, foram sem dúvida, as aberturas de Motorhead, Venom e Exciter. Poder conhecer um pouco mais seus ídolos, foi fantástico.

Musicalmente a diferença entre o Vodu e as bandas da mesma época era podemos dizer “gritante”, já que outros nomes investiam numa sonoridade mais Hard/Rock N’ Roll e cantando em português. Já vocês viam na batida do Heavy Metal com doses do bom e velho Thrash e já cantando em inglês. A ideia na época já era mirando o mercado internacional?

Sim! Queríamos alcançar esse mercado. Mas faltou o contato mais forte com alguma gravadora de fora.

“Walking With Fire” nasceu em 2020 acompanhado de uma pandemia. Que segue nos assombrando. Como foi lidar com essa situação para vocês e para a divulgação do álbum?

Pois é! Foi e está sendo muito difícil conviver com isso, pois temos um trabalho muito bom na nossa mão, e não podemos divulgá-lo da maneira correta. Chegamos a fazer algumas “lives”, mas não chega nem perto de um show realmente.

O que se pode tirar de positivo de todo esse caos instalado no mundo? E para 2022, se tudo se estabilizar, veremos o Vodu de volta aos palcos?

É o nosso desejo, voltar aos palcos... De positivo, particularmente eu acredito que não houve algo de positivo para o setor de entretenimento/eventos, pois tudo ficou parado e ainda está!!

Um novo álbum já está sendo planejado ou o foco ainda será a divulgação de “Walking With Fire”?

Já começamos a cogitar essa possibilidade de um novo trabalho, mas ainda temos que divulgar esse último.

Gostaria de agradecer pela entrevista, pois é sempre revigorante conversar com os pioneiros de um estilo que tanto amamos! Para encerrar com chave de Metal, nos fale suas cinco músicas favoritas do Vodu e porquê. Mais uma vez muito obrigado!

Renato, muito obrigado pela força que você vem dando ao Metal Nacional!! Valeu galera da HEAVY AND HELL e galera do ROAD TO METAL !! Um grande abraço e KEEP ON FIGHTING.

As musicas favoritas são: “Walking with Fire” / “The Enemy Inside” / “Empire of Demise” / “Seeds of Destruction” / “Got To Be Free”.

 

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