Entrevista - Deadnation: "Hoje com o advento dos serviços de streaming e mídias sociais ficou prático e de certa forma mais fácil divulgar seu trabalho"
Por: Renato Sanson
Entrevista com Fabrício Wronski (vocal)
A ideia é resgatar a escola sueca do Death Metal. Como é esse processo de influência para banda?
Todos os integrantes da banda
trazem consigo essa influência do Death Metal Old School, principalmente a
escola sueca. É algo que ouvimos desde a adolescência. É natural para nós,
principalmente para mim e para o Jefferson (guitarra) que já beiramos a casa
dos 50 anos de idade, logo, ouvimos muito isso na nossa adolescência. Mas não
foi algo que adotamos de imediato. Quando iniciamos a banda, mesmo tendo essa
influência correndo nas veias, começamos fazendo um Death Metal sem uma
identidade definida. Sabíamos que queríamos tocar Death Metal, mas não tínhamos
ainda essa personalidade definida. Foi quando criamos as primeiras músicas e
começamos a perceber que faltava algo. Faltava uma identidade. Foi onde entrou
o maravilhoso Boss HM-2 e dali pra frente tudo mudou. Foi como se tivéssemos
reencontrado o grande amor das nossas vidas (risos).
De certa forma enxergamos muita
identidade musical na sonoridade do Deadnation, mesmo tendo as referências bem
expostas. É difícil manter uma personalidade própria ao meio de tantas bandas
interligadas?
Concordo com você. Apesar de
termos essa influência no Death sueco, também trouxemos outras influências para
o Deadnation. Quando iniciamos as composições não houve uma preocupação em
fazer uma música que soasse “Old School” ou “sueco”, fizemos o que queríamos
naquele momento. Talvez por isso conseguimos de alguma forma colocar alguma
identidade em nossas músicas. Pois cada membro traz consigo suas influências
também e isso de alguma forma acaba fazendo a diferença na hora de compor.
“Following The Path of Death” nasceu em 2023. Agressivo
e visceral. Conte-nos o processo de composição do mesmo.
O que acho legal é que nesse
álbum possuem composições desde a criação da banda. Por exemplo, “Redrum:
Jack’s Insanity” foi a nossa primeira música e está nesse álbum. Tem a “Pierced
By Nails” que foi nossa última música composta antes da gravação do álbum. Então
de certa forma existe um mapa temporal nesse registro onde conseguimos observar
a evolução da banda em termos de composições das músicas e isso é muito legal. O
processo de composição é bem simples: Rafael e Jefferson (guitarristas) criam
os riffs e apresentam no ensaio. Gustavo cria um esboço da bateria e vamos
juntando tudo. Quando a coisa está mais engrenada iniciamos o processo de
confecção da letra e encaixe. Algumas vezes já tenho letra pronta e só
trabalhamos em seu encaixe. Mas dentro da banda nos damos liberdade para
criticar, sugerir e realmente fazer parte de todo o processo criativo. Quando
eles apresentam os riffs, ou eu as letras, não quer dizer que as mesmas estão
engessadas e tem que ser da forma apresentada. Todos estão abertos a mudanças e
isso é muito satisfatório.
O Deadnation está na ativa desde 2016, uma banda recente. Como é lidar com esse emaranhado tecnológico criando uma sonoridade calcada nos moldes antigos?
Eu sou do tempo do fanzine a
base de cola, xerox e tesoura, e muitos faziam escrito a mão. Do tempo da fita cassete
“demo” e cola no selo para aproveitar a postagem pra enviar resposta. Hoje com
o advento dos serviços de streaming e mídias sociais ficou prático e de certa
forma mais fácil divulgar seu trabalho. Penso que o underground hoje está mais
democrático, e que há possibilidades para todos. No fim dos anos 80 e início
dos 90, ter acesso a um bom estúdio de gravação era para poucos e poucas bandas
saiam da garagem de casa por isso. Hoje não, qualquer computador com as
configurações ideais tu grava um álbum e com qualidade foda. E por termos essa influência
no Old School não vejo problema, e até facilita. Hoje conhecemos muitas bandas
na mesma pegada do Deadnation do mundo todo. Bandas que tocam o Death Metal
sueco com HM-2. Hoje é uma pegada muito cultuada mundo a fora.
2020 foi o início pandêmico e um
ponto de decisão para vocês. Qual foi a maior dificuldade neste período?
Cara, nesse período a banda
acabou. Nosso álbum estava finalizado desde 2019 e levamos quatro anos para
lançá-lo. A pandemia destruiu o Deadnation. Mas como uma Fênix renascemos mais
fortes (risos). Mas foi muito complicado mesmo, muitas bandas acabaram por
causa da pandemia. Mas no fim de 2022 eu e o Rafael começamos a trocar ideias,
e tínhamos um álbum finalizado, esperando para ser lançado, e não podíamos mais
perder tempo. Recrutamos a rapaziada e voltamos aos ensaios e divulgação do
álbum. E estamos aqui, empolgados demais com o resultado de tudo isso.
O álbum de estreia foi lançado em
todas as plataformas de streaming. Mas em questão física, teremos esse material
neste formato?
Queríamos muito lançar ele em
formato físico. Deixo aqui externado se algum selo quiser lança-lo chama a
gente aí e garanto que vai dar negócio. Tenho contatos com alguns gringos e
eles cobram lançamento físico e principalmente em vinil, mas os caras não
entendem que somos uma banda de terceiro mundo (risos), que aqui o buraco é
mais embaixo. Mas se pintar alguma proposta, estamos abertos pra conversar e
fazer algo que fique bom para o selo. Nosso intuito é divulgar bastante esse
trabalho.
Liricamente temos a formula
baseada em livros e filmes de terror. O que vocês têm lido e assistido
ultimamente que poderiam nos indicar?
Cara! Sou apaixonado por
filmes do gênero terror, principalmente os mais grotescos produzidos no leste
europeu e asia. Curto muito a New French Extremity, que são aquelas produções francesas
cruas, cheias de violência real e sem piedade. É a realidade nua e crua. É o
ser humano no ápice da insanidade. A ideia de usar essa temática foi minha,
pois sou apaixonado por filmes de terror gore e qualquer outra tranqueira. Quanto
a literatura, desde moleque sou apaixonado pelas obras de Stephen King. Outro escritor
que acho muito foda é H. P. Lovecraft, curto muito seu estilo peculiar de
escrever. E tem o grande Edgar Allan Poe, que tem um estilo mais poético, mas
muito bom. Meio clichê, mas esses são meus favoritos. E com certeza qualquer um
desses escritores o pessoal vai curtir. Cara, indico pra galera assistir os
filmes da velha escola, dirigidos por Lucio Fulci, George Romero, Tobe Hooper,
os “New French Extremity”, se você ainda não conhece corre lá, joga no Google
conheça e assista.
Para finalizar, gostaria que
mencionassem as músicas preferidas do Debut e porquê. eEquais os planos futuros
para 2023/24. Desde já agradecemos e que o Metal da morte siga impetuoso \\m//
Eu particularmente gosto muito
da “Braindead”, primeiro porque é uma musica que a letra eu me inspirei no
filme “Dawn Of The Dead” de George Romero, o qual sou fã pra caral$#@. Sou
apaixonado por zumbis e essa musica fala disso. E gosto muito da melodia dela,
é uma música simples, sem riffs técnicos, mas tem uma melodia cativante,
agressividade e o solo simples e colante. Gosto das músicas mais novas “Blood
Spill” e “Piercing by nails” pois elas são o resultado de onde queríamos chegar
como uma banda de Death Metal. Para 2024 pretendemos lançar mais um single da
nossa nova música “Burn Alive”. Pretendemos também produzir um vídeo clipe e se
tudo der certo até fim de 2024 lançar um novo álbum. Agora queremos
focar na divulgação desse trabalho, fazer shows e contar histórias sangrentas e
perversas para jovens insanos.
Cara, queria agradecer você e
todos seus leitores e seguidores pela oportunidade de contar um pouco a nossa
história e sempre que precisar pode contar com o Deadnation. Grande abraço e in HM-2 we trust! Chainsaw Death Metal Rules...
Muito bom. Sucesso ao Deadnation e a este blog.
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