Resenha – Banda: Patriarkh – Álbum: Prorok Ilja (2025 – Shinigami Records)

 Por: Renato Sanson

Polêmicas a parte, o vocalista Krysiuk é um grande compositor e junto ao Batushka lançou ótimos álbuns até mesmo em sua divisão onde tínhamos duas bandas com o mesmo nome.

O que gerou certo desconforto entre os fãs e aquela disputa de quem era o dono dessa metamorfose em formato musical.

Pois bem, Krysiuk perdeu nos tribunais e não pode mais utilizar o nome Batushka, para isso criou uma nova banda, um novo culto arcano sob o nome de Patriarkh e lançando ao mundo “Prorok Ilja”.

Álbum conceitual em volta de Eliasz Klimowicz, o profeta Ilja como era conhecido nas décadas de 1930 e 40. Trazendo a sua mensagem ortodoxa e obscura aos seus admiradores. Que em certo momento de devoção e fanatismo, queriam crucificar o mesmo, pois acreditavam que Eliasz era a reencarnação de Jesus Cristo.

Indo para a parte musical, a ideia que já se ouvia em “Hospodi” vem ainda melhor com o Patriarkh, trazendo muitos elementos folclóricos e se aproximando mais dos primórdios do Batushka.

Mas a ideia aqui vai um pouco além, a mística em volta do álbum e seu conceito perturbador, a inserção de vocais femininos belos e em outros momentos mais horripilantes, a gama folclórica com diversos instrumentos do meio folk, trazem um respiro a mais ao Black Metal da banda.

Os vocais abrasivos de Krysiuk continuam pegando fogo e se entrelaçam com os momentos folclóricos e declamados em voz limpa, trazendo a ideia dos discursos do até então profeta autoproclamado. Mostrando uma tensão e um clima único ao trabalho.

“Prorok Ilja” traz o já clássico eslavo eclesiástico antigo como língua central, mas também temos o latim e o polonês. O que dificulta ainda mais acompanhar com o encarte (risos).

Brincadeiras a parte, a ideia dessa variedade linguística casa muito bem com a proposta do Black Metal em si, e mesmo tendo essa dificuldade de entender as letras a mensagem é clara ao decorrer de suas oito faixas, sendo todas intituladas de “Wierszalin” tendo apenas os números romanos do 1 ao 8 para diferencia-las.

Temos um tom mais complexo e porque não progressivo, um disco realmente desafiador e que não agradará a todos.

Pois, a veia folclórica está bem latente e isso pode gerar estranheza em alguma parcela de fãs, mas que não foi o meu caso, já que em minha opinião se demonstra como uma evolução natural e expandindo os limites do Black Metal.

A produção é primorosa e ao mesmo tempo pesada e ríspida, deixando todos os instrumentos folk nítidos em cada detalhe, assim como a agressividade imposta. A arte é algo digno de aplausos, um digipack em três painéis com uma capa instigante e que chama muito a atenção, assim como, todo o seu layout e encarte. Tudo em volta do dito “profeta”.

Um álbum que se deve ouvir sem pular as faixas, para entender o seu conceito e ideia. Um disco desafiador e muito difícil de descrevê-lo. Nota-se que Krysiuk está enxergando a frente um horizonte ainda mais diversificado em uma musicalidade única.

Disco do ano! Sem mais.

 


Comentários