Por: Renato Sanson
Polêmicas a parte, o vocalista Krysiuk é um grande compositor e junto ao Batushka lançou ótimos álbuns até mesmo em sua divisão onde tínhamos duas bandas com o mesmo nome.
O que gerou certo desconforto
entre os fãs e aquela disputa de quem era o dono dessa metamorfose em formato
musical.
Pois bem, Krysiuk perdeu nos
tribunais e não pode mais utilizar o nome Batushka, para isso criou uma nova
banda, um novo culto arcano sob o nome de Patriarkh e lançando ao mundo “Prorok
Ilja”.
Álbum conceitual em volta de Eliasz
Klimowicz, o profeta Ilja como era conhecido nas décadas de 1930 e 40. Trazendo
a sua mensagem ortodoxa e obscura aos seus admiradores. Que em certo momento de
devoção e fanatismo, queriam crucificar o mesmo, pois acreditavam que Eliasz
era a reencarnação de Jesus Cristo.
Indo para a parte musical, a
ideia que já se ouvia em “Hospodi” vem ainda melhor com o Patriarkh, trazendo
muitos elementos folclóricos e se aproximando mais dos primórdios do Batushka.
Mas a ideia aqui vai um pouco além, a mística em volta do álbum e seu conceito perturbador, a inserção de vocais femininos belos e em outros momentos mais horripilantes, a gama folclórica com diversos instrumentos do meio folk, trazem um respiro a mais ao Black Metal da banda.
Os vocais abrasivos de Krysiuk continuam
pegando fogo e se entrelaçam com os momentos folclóricos e declamados em voz
limpa, trazendo a ideia dos discursos do até então profeta autoproclamado.
Mostrando uma tensão e um clima único ao trabalho.
“Prorok Ilja” traz o já clássico eslavo
eclesiástico antigo como língua central, mas também temos o latim e o polonês.
O que dificulta ainda mais acompanhar com o encarte (risos).
Brincadeiras a parte, a ideia
dessa variedade linguística casa muito bem com a proposta do Black Metal em si,
e mesmo tendo essa dificuldade de entender as letras a mensagem é clara ao
decorrer de suas oito faixas, sendo todas intituladas de “Wierszalin” tendo
apenas os números romanos do 1 ao 8 para diferencia-las.
Temos um tom mais complexo e porque
não progressivo, um disco realmente desafiador e que não agradará a todos.
Pois, a veia folclórica está bem
latente e isso pode gerar estranheza em alguma parcela de fãs, mas que não foi
o meu caso, já que em minha opinião se demonstra como uma evolução natural e
expandindo os limites do Black Metal.
A produção é primorosa e ao mesmo
tempo pesada e ríspida, deixando todos os instrumentos folk nítidos em cada
detalhe, assim como a agressividade imposta. A arte é algo digno de aplausos,
um digipack em três painéis com uma capa instigante e que chama muito a atenção,
assim como, todo o seu layout e encarte. Tudo em volta do dito “profeta”.
Um álbum que se deve ouvir sem
pular as faixas, para entender o seu conceito e ideia. Um disco desafiador e
muito difícil de descrevê-lo. Nota-se que Krysiuk está enxergando a frente um
horizonte ainda mais diversificado em uma musicalidade única.
Disco do ano! Sem mais.
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