Resenha – Banda: Obscura – Álbum: A Sonification (2025 – Shinigami Records)

Por: Renato Sanson

O Technical Death Metal teve suas fases com auge e saturação. Onde, muitas bandas queriam tocar tempos quebrados e insanos o tempo inteiro deixando o feeling e a agressividade do estilo de lado. Gerando aquele mar infinito de bandas.

Mas quando se separa o joio do trigo é aí que vemos quem são os que passaram no teste do tempo e dos fãs é claro. Os alemães do Obscura iniciaram sua jornada lá em 2002 com uma proposta mais tradicional em seu som e foi evoluindo com o passar do tempo, até chegarem em seu Debut  “Cosmogenesis” (09) com a sonoridade que carregam até os dias de hoje. Ganhando o status de Technical ou Progressive Death Metal.

Pois bem, 2025 traz o sétimo álbum de estúdio do Obscura, a segunda parte de uma trilogia – “A Sonification” – iniciada em 2021 com o álbum “A Valediction”.

Ainda mais melodioso e até mesmo um pouco menos técnico, o novo trabalho mantém as estruturas filosóficas e cósmicas das letras, e também suas variações técnicas instigantes e surpreendentes.

O que chama a atenção em “A Sonification” é o seu lado mais sombrio e simples, com melodias grudentas que nos remetem aos tempos áureos do Hypocrisy.

O que não é ruim, mas distancia o Obscura do que já tinha criado como identidade sonora dentro deste estilo tão vasto e perigoso. Se o excesso de técnica e momentos mirabolantes podia fazê-los saturar, a falta deles também gera estranheza em uma sonoridade que ainda soa brutal e técnica, mas mais soft do que costumavam demonstrar.

Podemos dizer que essas mudanças começaram no inicio desta trilogia com o álbum de 2021 já citados. Mas era algo mais discreto, mas que agora fica mais evidente esse lado menos excêntrico. Poderiamos botar na conta nas constantes mudanças de formação, mas o seu criador e único membro original Steffen Kummerer (guitarra/vocal) sempre foi o dono das composições.

Soa ruim? De forma alguma, mas claro, toda mudança gera estranheza, mas o Obscura trouxe esses elementos de uma forma bem coerente e “A Sonification” pode ser um divisor de águas.

A arte do álbum criada por Eliran Kantor é sensacional! Enigmática, cósmica e cheia de afrontas. A produção é de um bom nível, mas soa meio abafada e comprimida para um estilo tão rico em detalhes, parece sufocar os mesmos.

De modo geral é sim um ótimo trabalho soando como Obscura, mas buscando novos ares.

 

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