- Olá Sandro. Obrigado pelo seu tempo em meio a correria das atividades com a DICENTRA. Logo de cara, tomei um susto com o lançamento do álbum “Crossing”, em total imersão ao Heavy bem melodioso. O que deu na cabeça de vocês para gravarem algo com esse direcionamento?
Nós que agradecemos a oportunidade de falar um pouco do Dicentra e também o interesse do Heavy And Hell pelo nosso trabalho. O Heavy Metal está encrustado em nossas veias. Desde os anos 80 vivo e respiro Heavy Metal e o resto da banda idem, então, foi bastante natural pra nós.
- Como funciona o processo de composição da banda? Acredito que seja algo mais orgânico e intimista, com todos os músicos fazendo jams em estúdio, estou certo?
Bom, desde o fim de 2023 mudamos o processo de composições. No primeiro álbum “Bloody Heart”, o antigo guitarrista trouxe praticamente todas as composições prontas para trabalharmos as letras, linhas de baixo e bateria. Agora, com a nova formação, realmente, juntamos nossas influências na construção das canções e isso faz com que as nossas músicas soem do jeito que queremos, mostrando totalmente a cara do Dicentra.
- Todas as faixas trazem homogeneidade em termos de qualidade e maturidade musical. Como os fãs da banda têm reagido ao disco?
O pessoal que acompanha a gente nos shows está curtindo bastante. Recebemos muitos comentários sobre a evolução do Dicentra em relação ao primeiro disco e, o que nos dá mais orgulho é que as pessoas continuam assimilando nossos refrãos e cantam junto nas apresentações. Esse reconhecimento é que nos dá forças pra permanecer na estrada.
- A banda pretende lançar algo no formato físico no futuro, já que fazem parte de uma grande gravadora na atualidade? Queria muito poder ouvir um álbum novo de vocês nestes moldes novamente.
Tanto o “Bloody Heart” (2023) como o “Crossing” (Ago/2025) saíram no formato físico. O primeiro de forma independente e o segundo com o apoio da Ms Metal Records e da Terror Zone Produções. Além disso, constantemente, produzimos os álbuns em fitas K7, inclusive o álbum ao vivo “Dicentra Alive” (Jan/2025) também tem suas versões em fitas de 60 e 90 minutos.
- “Crossing” é um álbum que me identifiquei bastante! Você pode nos contar como foi o seu processo de composição?
A composição do “Crossing” iniciou com a entrada do Edson Ruy na guitarra. Já tínhamos trabalhado para o seu primeiro show com a banda em janeiro de 2024 a canção “Prison” que coincidentemente, abre o álbum. Então, depois desse show, resolvemos nos concentra apenas em compor os sons para o próximo disco. Ficamos sem realizar apresentações até junho de 2024 quando já estávamos com as 12 faixas praticamente definidas para entrar em estúdio. Esse processo de composição se deu com a junção de todas as nossas influências e ideias. As vezes o Ruy chegava com um “riff” e nós partíamos daí, ou o Doug trazia uma linha de baixo como foi o caso da canção “A God At Dawn”, o Luís trazia levadas de guitarra e eu colocava as linhas de batera e escrevia as letras. As meninas também trouxeram suas influências nos backing vocals. Foi tudo bem completo, descontraído e satisfatório.
- Como está a banda no âmbito dos shows? A agenda de vocês costuma ser cheia? A aceitação está sendo positiva por parte da imprensa e fãs com relação ao trabalho ao vivo?
Os shows do Dicentra são sempre muito empolgantes com o público agitando e cantando nossos sons. Isso é uma vitória em um país que não valoriza e nem reconhece o Heavy Metal como parte da cultura. A agenda não é tão cheia como gostaríamos, mas fazemos muitas apresentações em várias cidades. A imprensa em geral está bastante surpresa com o lançamento de um disco de Heavy Metal em uma época onde o Death e Black Metal dominam tanto na quantidade de eventos específicos quanto no número de bandas criadas. Mas a aceitação, tanto por parte da imprensa como por parte do público em geral está sendo excelente. Estamos respondendo inúmeras entrevistas como essa e temos várias participações em “podcasts” e programas de rádio agendadas.
- “Crossing” tem uma arte de capa muito legal. Quem a produziu e o que vocês querem dizer com ela?
A arte da capa foi desenvolvida pela designer Kell Cândido (kellcandido.com) que realizou, realmente, um trabalho belíssimo, inclusive na parte interna do livreto com imagens de cada canção servindo de fundo para as letras do álbum. Na capa aparece um mundo destruído e no centro um portal de passagem para aquele que seria um lugar melhor. Devido a inclinação que temos para temas ambientais, com nossas letras falando de assuntos relacionados à preservação da flora e principalmente da fauna, por tal passagem, nenhum ser humano será capaz de atravessar, pela maldade e ganância naturais à espécie. Apenas os animais passarão e, de uma vez por todas, estarão libertos de toda a tirania humana. O próprio planeta se libertará neste momento. A letra da canção “Crossing” relata também essa passagem entre a vida e a morte, só que de uma forma mais romantizada.
- Quando a banda está em estúdio, vocês costumam trabalhar com um produtor externo ou preferem se auto produzir?
Bom, desde 2016 eu trabalho com o produtor Fábio Ferreira (Sangrena) no estúdio MixMusic em meus outros projetos e bandas. Quando o Dicentra surgiu em 2022, assim que as faixas do “Bloody Heart” estavam definidas, eu falei com o Fábio e entramos no MixMusic. Com o “Crossing” não foi diferente. Moramos na cidade de Nova Odessa e o estúdio fica a cerca de 100 km em Amparo mas, fazemos esse deslocamento justamente por causa da competência e atenção aos detalhes do produtor. É isso que precisamos para entregar ao público trabalhos cada vez mais sinceros e honestos.
- Quais os planos para o ano de 2025 com a DICENTRA? Sinceramente torço para mais shows e um novo álbum completo.
Até o final de 2025 trabalharemos o “Crossing” nos shows, não esquecendo algumas faixas marcantes do “Bloody Heart”. Paralelo a essas apresentações já estamos compondo o material novo e devemos entrar em estúdio novamente em 2026. Já temos cinco canções novas e inclusive, em um show realizado na cidade de Paulínia, tocamos uma delas intitulada “I Don’t Live In This World”.
- Novamente parabéns pelo trabalho ao lado do DICENTRA... Agora é o momento das considerações finais de vocês…
Agradecemos a oportunidade que vocês do Heavy And Hell nos deram para falarmos um pouco do Dicentra e, sendo uma das bandas do Metal Underground Nacional que luta constantemente pelo seu espaço, prometemos sempre o máximo de esforço e dedicação para nos mantermos firmes na estrada, entregando sempre o melhor de nosso som com honestidade e respeito ao público. Muito obrigado.
Comentários
Postar um comentário