Inner Caligula: [...]gosto de dizer que a gente toca metal tradicional, mas o metal tradicional de 2023
Entrevista por: Renato Sanson
Músicos entrevistados: Igor Natusch (baixo) e Daniel Cardoso (guitarra) |
Apesar de relativamente nova no cenário, a Inner Caligula carrega músicos experientes em suas lacunas. Como está sendo o momento atual da banda?
Igor Natusch: Não tenho
dúvida de que estamos vivendo o melhor momento da banda até aqui. Na verdade, a
maioria de nós se conhece há um bom tempo, tocamos juntos tanto em bandas
autorais (como a Leather Apron, uma banda de metal tradicional que lançou duas
demos e na qual eu e o Vinícius, nosso vocalista, nos conhecemos) quanto em
projetos cover, então, há uma sintonia bem grande entre nós. A gente meio que
já conhece os cacoetes uns dos outros (risos). E o Daniel traz uma visão
renovada, uma injeção de energia que é muito importante para nós. A Inner Caligula existe desde 2015, mas só a
partir de 2019 tomou o formato que realmente queríamos, então ainda estamos
vivendo esse momento de sermos descobertos pelas pessoas, de ir conquistando
aos poucos nosso espaço, e isso é sempre muito legal e animador.
Daniel Cardoso: Eu diria que a banda
está em uma ótima fase. Infelizmente, nossos
primeiros lançamentos bateram diretamente com o pico da COVID-19 no Brasil, o
que acabou nos impossibilitando de promover a banda da forma como havíamos
planejado. Mas agora eu acredito que estamos mais
maduros e preparados para os desafios futuros. Também incluímos nesse meio
tempo nosso quinto integrante, o Andy, o que deu o complemento que precisávamos
para o nosso som. Então, o clima é muito bom, e todos têm um objetivo em comum
dentro da banda.
Já são dois Singles lançados:
“Lost Cosmonaut” e “Inner Caligula”. Fale-nos do processo criativo de ambos.
I: “Inner Caligula” é
talvez a primeira música que escrevemos, num momento em que ainda estávamos
buscando nossa sonoridade coletiva. Desde o início, eu a imaginei como a música
que daria o nosso nome, então me concentrei muito no sentido de fazer com que
ela funcionasse como uma espécie de declaração de princípios do nosso som. É
uma música que fala sobre essa pulsão de destruição que existe em cada um de
nós, de como a humanidade cria coisas incríveis e, ao mesmo tempo, é capaz de
ceder aos instintos mais baixos em um instante – e eu acho que isso diz muito
sobre o tipo de música que a gente quer trazer para o cenário do metal
brasileiro! “Lost Cosmonaut” é uma música mais ficcional, sobre os primórdios
da exploração do espaço, e estávamos muito a fim de colocar vários riffs bem
pesados nela! São músicas que foram escritas ainda na primeira formação, quando
o Adriano Machado era nosso guitarrista, mas que ganharam uma dimensão nova a
partir dos arranjos do Daniel.
D: Na época em que fizemos as gravações para os singles, optamos
por escolher dois sons do nosso repertório que apresentassem todas as propostas
da banda, e é exatamente isso que essas duas músicas passam. Então, a partir
desta decisão, começamos a trabalhar novamente nos sons, revisando arranjos e
acrescentando algumas sugestões do nosso produtor, Renato Osorio. Acho que o
resultado acabou sendo muito satisfatório, essas duas músicas representam muito
bem a nossa pegada e o nosso som.
A sonoridade do Heavy
tradicional pulsa forte. Mas não temos uma musicalidade datada, pois transita
bastante e se demonstra bem atualizada. O que esperar do Debut?
D: Eu fico muito contente com essa observação (risos), porque é
justamente isso que procuramos em nosso som. A proposta sempre foi um Heavy
Metal tradicional, mas na verdade não nos prendemos muito a um rótulo
específico, vamos experimentando e vendo como as influências de cada integrante
funcionam quando se fundem. Obviamente não podemos excluir tudo o que já foi
feito em todos esses anos, mas é sempre importante buscar uma identidade
própria, até por termos gostos bem diferentes entre os integrantes.
Sobre o debut, posso adiantar que vamos ter muito disso que mencionei, dessa busca por uma identidade para a banda e para nosso som. E com certeza quem curtiu “Inner Caligula” e “Lost Cosmonaut” vai encontrar outras coisas interessantes no disco!
I: Eu gosto de dizer que a
gente toca metal tradicional, mas o metal tradicional de 2023. Eu tenho um
verdadeiro fascínio pelo som mágico do metal dos anos 1980, mas eu acredito que
é preciso encontrar o som de agora, trazer essa bagagem toda para o momento
atual e tudo que ele nos oferece. Isso é um consenso nosso, e podem ter
certeza que é o que guia todo o material que estamos preparando.
Falando em Debut, o que vocês
podem nos revelar sobre o mesmo?
D: Atualmente estamos em processo de gravação do disco, uma boa
parte já foi gravada e estamos todos bem satisfeitos com os resultados até
aqui. Pretendemos terminar as gravações ainda neste primeiro semestre de 2023,
para trabalhar na divulgação de singles e detalhes mais aprofundados no segundo
semestre. Há uma série de decisões que estão sendo tomadas, e que a gente
pretende ir anunciando em breve.
I: Nossa ideia é ir trazendo novas músicas gradativamente, para que
as pessoas tenham a chance de irem se familiarizando com nosso som. Eu diria
que já passamos da metade do processo de gravação, e as músicas estão ficando
muito legais, também graças ao excelente trabalho do Renato como produtor.
Posso garantir algumas músicas bem pesadas e sombrias, ao lado de outras mais
dinâmicas e algumas partes mais “ousadas”, que eu acredito que vão surpreender
as pessoas. Seja como for, ninguém vai ter dúvida de que está ouvindo um disco
de heavy metal! Estamos ansiosos para que as pessoas o escutem, quem sabe
conseguimos largar algum som novo ainda no primeiro semestre? Fica a expectativa
(risos).
Sabemos das dificuldades de
manter uma banda ativa em nosso Brasil. Ainda mais por falta de apoio e
incentivo. A ideia, é lançar o material completo somente nas plataformas
digitais ou teremos também em formato físico?
D: A ideia sempre foi termos
o material físico do disco, também junto com outros materiais de merch do
mesmo. É algo que esperamos das bandas que somos fãs, e também é algo que
queremos entregar a quem acompanha nosso trabalho.
Sei que os custos para o
lançamento físico são elevados, mas se tratando da sonoridade e da qualidade
que apresentam, seria um “pecado” não termos a bolacha física em mãos. Papo de
colecionador, desconsiderem (risos).
D: Confesso que concordo 1000% com você (risos)!
I: Eu também (risos). Eu acho
que lançar o álbum físico tem também um pouco de resistência, sabe? De você
enxergar o valor que a música tem, de reforçar que o que foi feito não é algo
passageiro, que é uma coisa que veio para ficar. Acho que há um certo excesso
de facilidade em ouvir música atualmente, que às vezes faz com que a música em
si não tenha valor, e eu me coloco meio contra isso, sabe? A gente quer
sempre primar pela qualidade, tanto na composição quanto na produção, nos
shows, no trabalho gráfico – as artes do Günther Natusch são animais, e não é
porque ele é meu irmão que eu estou falando (risos) – no merchandising… A gente
quer que tudo associado ao nome Inner Caligula tenha um valor legal para o fã
de metal, e isso passa por ter um CD físico bacana – quem sabe até em outros
formatos, por que não? É um sonho nosso,
e eu diria mais, é uma obrigação moral. Vai ter bolacha sim, fique tranquilo
(risos).
Foto: Uillian Vargas |
Vocês já estão na ativa tocando pelo RS. Como está sendo a recepção do público?
D: A recepção é algo sempre muito bacana por parte do público,
sempre elogiando muito a banda e os singles já lançados, e sempre questionando
quando vamos finalmente ter o disco completo. É sempre muito importante essa
troca, no final das contas é o que acaba fazendo as coisas acontecerem cada vez
mais.
I: A reação das pessoas ao nosso som é um estímulo enorme para a gente seguir em frente. Sinto que há um espaço legal para nós, uma grande quantidade de fãs de metal interessados no tipo de metal tradicional contemporâneo que a gente está propondo. E aí é um crescimento duplo, né? A gente cresce com os fãs, e a gente espera estar entregando algo legal para eles em troca do apoio que recebemos. Queremos tocar bastante pelo Rio Grande do Sul e, na medida em que nos convidarem, vamos dando jeito de chegar em outros estados também. E desde já agradecemos a todos que nos deixam uma palavra de incentivo, que ouvem e sugerem para outras pessoas o nosso som. Obrigado, e vamos juntos!
Finalizando, agradeço pelo
tempo cedido e o espaço final é de vocês! Continuem destilando o som pesado!
I: Cara, agradecer demais a oportunidade de falar sobre a banda, expor nossas ideias e levar o que a gente propõe para outras pessoas. O heavy metal é um negócio que nunca nos deixa na mão, é uma fonte inesgotável, e todo mundo pode ter certeza que o espírito da Inner Caligula vai ser sempre o heavy metal! Se curtirem nossos sons, acompanhem a gente nas redes e sintam-se sempre bem-vindos na jornada. Metal é saúde, e obrigado pela força!
D: Nós que agradecemos o espaço concedido, é sempre muito
importante e gratificante estas oportunidades. Por fim gostaria também de pedir
para as pessoas seguirem a banda Inner Caligula nas redes sociais. Estamos
sempre postando novidades do nosso processo de gravação do disco, assim como
infos no geral. Estamos preparando muita coisa legal pela frente. Fiquem todos bem, e não se esqueça de curtir
um bom e velho metal, porque METAL É SAÚDE! Nos vemos por aí!
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