Por: Renato Sanson
Músico entrevistado: Glaydson Moreira (guitarra/vocal)
Já são quatro álbuns de estúdio e sempre com uma mensagem forte e
elucidada dos momentos atuais em que vivemos. Como é enxergar o mundo fora da
caixa?
Nós gostaríamos muito que as coisas melhorassem e que não fosse mais preciso gritar os absurdos e desigualdades desse país. Mas infelizmente a luta é constante, e não temos o direito de nos alienarmos, em respeito a todos aqueles que vieram antes e também se posicionaram e lutaram em prol de uma vida digna aos semelhantes. O artista deve ser reflexo do seu tempo.
Sabemos que bandas/pessoas com posicionamento não agradam a todos e
acredito que a ideia do Khorium nem é essa. No fale como é lidar com certas represálias
em uma época dominada pela cultura do cancelamento.
Essa é uma preocupação que nunca tivemos. A intenção sempre foi mesmo provocar o debate e a reflexão. Trazer o incômodo. Então, obviamente, muitas vezes vamos causar desconforto através da denúncia. E temos plena consciência de que o nosso posicionamento direto as vezes nos fecha portas comerciais e mercadológicas. Mas esse é um preço que desde sempre estivemos dispostos a pagar. Questão de coerência e coragem.
“A Plenos Pulmões” é de longe o álbum mais maduro da banda. Os
elementos diversificados soam bem coesos e chamam a atenção. Qual o ponto de
ignição para o processo criativo?
“A Plenos Pulmões” nasceu com
finalzinho da pandemia, num recado de sobrevivência, mesmo após tanta
atribulação e tragédia. É uma declaração de resiliência, e de que estamos
vivos, sobrevivemos, e não vamos nos deixar abater. Sofremos um período muito
difícil, mas não vamos abaixar a cabeça ou deixar de apontar o que estamos
vendo de errado.
Referente as letras que são afrontadoras e jogam a realidade de uma
forma indigesta. Quais as influencias fora da bolha vocês buscam?
Muita coisa, não só música, mas cinema nacional, literatura, e outras formas de expressão. As letras trazem referências de sociologia, ciências políticas, economia, etc. Por fim, tudo que nos cerca de uma forma ou de outra influência a forma como escrevemos.
A ideia é sempre cantar em português ou em algum momento pretendem
expandir para o inglês?
A predominância é do português, para privilegiar a mensagem, mas já tivemos no álbum anterior uma letra parcialmente em inglês, e no “A Plenos Pulmões” temos uma música em espanhol. Eventualmente nós vamos dialogar com outros públicos e artistas fazendo uso de outros idiomas. Ainda que a maioria do nosso trabalho continue centrado na língua portuguesa.
Como andam os shows e as divulgações do novo álbum?
Tivemos um ano muito corrido desde o lançamento do álbum, mas ainda teremos algumas datas de shows para esse fim de ano. Paralelo a isso, tivemos faixas que entraram em playlists nos serviços de streaming, participamos de coletâneas, e diversos programas de rádio tocaram as faixas do disco. A intenção é continuar esse trabalho de divulgação, levando a nossa música a cada vez mais pessoas.
Finalizando, gostaria que
traçassem um paralelo de sua discografia sobre os pontos mais altos e quais os
planos futuros para o que ainda resta de 2023 e o que podemos esperar para
2024. Sigam firme na luta, pois são motivo de orgulho para o nosso cenário
caótico.
Primeiramente queremos agradecer
pelo convite para a entrevista e pelo espaço. “A Plenos Pulmões” já é o nosso
álbum favorito, principalmente por trazer toda a diversidade que a formação
atual da banda transpira sem deixar de lado o peso que queríamos atingir. Ainda
para este ano temos uma agenda de trabalhos da banda, depois devemos fazer
alguma curta pausa próximo à virada do ano para retomarmos os trabalhos e
seguir em frente no começo de 2024. Vamos seguir em frente nessa árdua luta que
é manter um trabalho autoral independente no cenário underground brasileiro. A
Khorium é imparável!
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