Renan Lourenço: “[...]o advento de lives e cursos online no qual ninguém se dedica ou estuda é puramente pobreza de espírito e escassez de cultura e amor à arte, infelizmente.”

Entrevista: Renato Sanson

Foto: Raquel Souza
Foto: Raquel Souza


Guitarrista: Renan Lourenço de Londrina/PR.

 

Renan, primeiramente muito obrigado por nos conceder esta entrevista na volta as atividades do Heavy And Hell, para nós isso é muito importante e gratificante.

Eu que agradeço! Poder contar com pessoas como você é o que faz todo nosso esforço e dedicação valerem a pena! É uma honra ter meu trabalho em suas mãos e na Heavy and Hell! Obrigado!

 

Conte-nos sobre sua trajetória musical até o nascimento de “Inception”.

Bom resumidamente, comecei a estudar música aos 14 anos de idade (acabo de completar 30!) Apaixonado pela sonoridade do rock'n roll, chegou um momento em que somente ouvir não me satisfazia, foi aí que senti a necessidade de tocar/executar aquilo que ouvia. Tive a sorte e o privilégio de contar com excelentes professores particulares em especial meu primeiro professor Wander Lourenço de Ibiporã-PR, cidade onde nasci aqui do lado de Londrina-PR. Aos 21 anos ingressei na UEL (Universidade Estadual de Londrina) no curso superior de Licenciatura em Música me formando em 2016. Durante a faculdade comecei a tocar na noite de Londrina e região com algumas bandas covers e paralelamente a isso compondo e desenvolvendo as primeiras ideias que estariam no meu primeiro álbum solo chamado INCEPTION. Em 2017/2018 dei início a esse projeto gravando e lançando 3 singles (que estão no álbum). Após alguns problemas particulares/familiares e principalmente devido a pandemia, consegui enfim, concretizar esse sonho lançando INCEPTION no dia 17 de maio de 2021.

 


Seu Debut conta com várias participações, mas duas delas mais que especiais: Derek Sherinian e Edu Ardanuy. Como se deu o contato com ambos?

Com o Edu tive a honra de fazer aulas presenciais em 2017/2018, fui algumas vezes em sua residência em São Paulo-SP, uma experiência sensacional. Edu sempre foi uma grande (uma das maiores!) Referência para mim, sua forma de compor e tocar sempre me emocionou muito e até hoje me inspiro em sua obra, obviamente o convidaria para participar do meu primeiro álbum solo, fiquei extremamente grato quando ele topou. Quanto ao Derek Sherinian foi algo "por acaso". Um grande amigo baterista Bruno Pamplona (o mesmo que gravou todas as baterias do meu álbum) comentou comigo que Sherinian gravava alguns trabalhos de músicos de todo o mundo de forma remota/online e divulgava em suas redes sociais, bastaria enviar o áudio para o mesmo e esperar seu retorno, confesso que no início não dei muita "bola" achei que seria algo inimaginável, afinal, Sherinian tem um currículo invejável: Yngwie Malmsteen, Dream Theater, Kiss, Billy Idol, Black Country Communion entre outros, mas para meu espanto ele topou e o resultado é sua participação na faixa “Mother Nature” que abre o disco!


Foi desafiador criar essas composições para essas duas feras participarem?

Sim, muito! Já me cobro muito naturalmente, imagina em uma situação como essa. “Mother Nature” eu já tinha composto, procurei adaptá-la a situação e deixar o melhor espaço possível para o Derek Sherinian gravar suas partes. Quanto a faixa "Pandemia", compus exclusivamente e pensando na participação do Edu Ardanuy, é a faixa mais metal e mais pesada do álbum, e eu fiquei muito honrado com o que ambos fizeram, ficou lindo.

 


“Inception” mantém a aura dos guitar heros, mas também é feito para os fãs de música pesada em geral. Pesado, melodioso e marcante. Qual a ideia por trás do mesmo?

A sonoridade como um todo foi algo natural, provavelmente devido as minhas várias influências e referências, claro que o mais marcante e evidente no álbum é o rock e o metal, minha base e o que me fez se interessar pelo instrumento, mas ao longo dos anos, estudando e pesquisando música, fui me interessando por outras atmosferas como blues, jazz, funk, fusion e violão erudito e brasileiro, naturalmente isso se refletiu nas composições, porém sem perder meu amor pelo som pesado.

 

Como você enxerga a situação atual da indústria musical ao meio a pandemia?

A indústria musical vem sofrendo uma grande mutação não é de hoje, principalmente com o advento da internet e tecnologia, a pandemia só intensificou e acelerou tal fato. Como em tudo na vida há o lado bom e ruim, o bom é termos a possibilidade e de certa forma facilidade em divulgarmos nosso trabalho para praticamente o planeta inteiro, o lado ruim, na minha opinião, é a superficialidade que tal facilidade e velocidade de informação acometeram as pessoas, não é novidade alguma que vivemos em uma sociedade cada vez mais ansiosa e com menos cultura e apreço pela arte, sem dúvida, esse fenômeno a qual me refiro influenciou diretamente nisso: dificuldade em ouvir um disco inteiro, em acompanhar e principalmente apreciar com profundidade uma obra de arte, a predileção por assistir um show no sofá de casa através de uma “live” ao invés de um show presencial, inclusive, na minha opinião, a pandemia é só uma desculpa para tal escolha, o advento de lives e cursos online no qual ninguém se dedica ou estuda é puramente pobreza de espírito e escassez de cultura e amor à arte, infelizmente.

 

Ainda é cedo para falar, mas você já está pensando no próximo passo após “Inception”?

Sim! Infelizmente a pandemia veio para atrapalhar a carreira de todos nós, porém tenho planos para shows e principalmente workshops focados na execução integral de INCEPTION, bem como material áudio/visual que será produzido. E claro, a longo prazo, já tenho material para o segundo álbum!

 


Algo que chama muito a atenção nos tempos atuais, são os artistas que lançam seu material fisicamente em paralelo ao streaming, que tem dominado amplamente o mercado e trazendo muitas facilidades. O quão é importante para você lançar fisicamente o seu trabalho?

Foi muito importante para mim lançar INCEPTION fisicamente... agradeço imensamente a todos os amigos que me ajudaram de alguma forma e principalmente aos patrocinadores. Esse assunto tem total relação com o que falamos anteriormente, uso e abuso das plataformas digitais, é sensacional, já perdi as contas há um bom tempo, de quantos álbuns, bandas e músicos que conheci graças a facilidade das plataformas, é muito legal! Porém, posso estar equivocado, mas vejo de alguma forma uma certa “superficialidade” em lançar somente nas plataformas digitais, pode ser ignorância minha, mas sinto como se não tivesse meu trabalho "realmente em mãos", plataformas e internet no geral não é algo palpável, e talvez até não seja eterno, não que o cd ou até mesmo o vinil não tenham vida útil, mas fui realmente sentir a concretização do meu sonho, que era o lançamento do meu álbum solo, quando estive pela primeira vez com meu cd em mãos.

 

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