Por: Renato Sanson
Fotos: Paula (Eye of Odin)
Antes Summer Breeze Brasil e agora Bangers Open Air! Muito se falou sobre essa mudança ficando aquele ar de dúvida do que poderíamos esperar desta continuidade com outro nome e outros organizadores.
A resposta veio nos dias 02, 03 e
04 de maio! Em um evento muito bem organizado e com detalhes corrigidos que nas
edições anteriores sob a tutela alemã estavam deixando a desejar.
Nós do Heavy And Hell estávamos presentes nos dias 03 e 04 e traremos a
partir das linhas a seguir a nossa experiência com o Bangers Open Air!
Ao chegar ao local o excelente
Memorial da América Latina, já pude notar uma diferença das edições anteriores,
pois, como fui a todas até agora percebi essa evolução sutil, mas que faz toda
a diferença. Como sou cadeirante, nas edições anteriores senti falta de uma
entrada adaptada decente para as pessoas com deficiência, e nesta edição
tivemos essa melhora e uma entrada digna para os PCD’s o que já me deixou bem
animado. Assim como, a retirada da pulseira de credenciamento, um serviço
rápido e eficiente. Sem delongas.
Ao entrar no local a estrutura é
basicamente a mesma, mas com modificações bem notáveis, como a grande melhora
dos banheiros químicos. Estando muito bem postados e sendo higienizados com
frequência. Dando aquela sensação de cuidado e acolhimento a quem foi
prestigiar o festival.
A sala de imprensa dentro da
biblioteca do local tinha todo o suporte a nós jornalistas. Desde um belo
freezer recheado de água, refrigerante e sucos. Como também uma bela mesa com
ótimos petiscos.
Como são três palcos e temos que
nos deslocar entre uma parte e outra do Memorial, a impressão que tivemos é que
o mesmo parecia ter mais espaço devido à nova organização e a via para quem usa
a passarela para transitar entre ambos os lados também estava bem mais fluida.
Assim como as saídas do palco Hot e Ice. Que anteriormente só tinha uma
saída a que dificultava e muito os fãs e o trabalho da imprensa. Mas esse
problema foi resolvido, e tendo agora saída por ambos os lados, os fãs
conseguem sair e voltar sem dificuldades.
O dia iniciou no palco Ice com a banda suíça Burning Witches. Agitando os bangers
que ainda chegavam ao local, mas já mostrando que vieram com o pé na porta. O
som de certa forma deu uma pequena oscilada e com os graves muito em cima, mas
nada que comprometesse o show das meninas que representaram muito bem.
Já no palco Sun tivemos a lendária Viper,
desta vez sem o saudoso Pit Passarell, mas com o irmão do nosso eterno Maestro,
Daniel Matos. É incrível como o Viper ao vivo é sensacional e a química entre
os músicos é única, Todos muito carismáticos e empolgados de estarem mais uma
vez neste grande evento. Leandro Caçoilo se mostra a escolha mais do que certa
para a voz do Viper e dá um show em desempenho e interpretação.
As 13h era hora do retorno dos
suecos do H.E.A.T e se tinha muita
expectativa em volta do show, pois quem os viu a primeira vez em 2023 sabia que
o show era uma entrega absoluta. Então posso te dizer sem duvidas que este não
foi diferente, era visível em suas expressões a satisfação de estarem ali
tocando para um publico tão apaixonado e cheio de energia. Cantando cada refrão
e deixando os suecos extasiado e claro, prometendo voltar a solo brasileiro
onde são tão queridos.
Sem muito tempo para respirar as
14h10 (apenas 10 minutos de diferença entre o show do H.E.A.T) os americanos do
Municipal Waste tomam conta do palco
Ice com seu Thrash/Crossover de
primeira. Empolgante, visceral e uma presença de palco absurda dos músicos,
todos parecendo que saíram de um túnel do tempo dos anos 80 e ali estavam nos
presenteando com sua música.
Comunicativos e esbanjando
simpatia foi uma pedrada atrás da outra, com rodas e moshs onde só se viam os
coletes voarem e alguns copos de cerveja (risos). Mas foi um show abençoado,
pois até Jesus estava lá, um fã vestido foi levantado pela plateia fazendo o
vocalista Tony Foresta rir e dizer que: “Jesus está entre nós!”
Até o Goku apareceu no show do
Municipal, que saiu do palco muito ovacionado em um dos melhores shows do Bangers.
Desta vez o palco Waves não estava na rua como
anteriormente, mas sim dentro do Teatro do Memorial, o que foi um fato curioso.
Então corri para o mesmo para conferir o show do Malefactor. Gerou-me certa estranheza optar por essa solução para o
Waves, mas que de certa forma funciona, mas penso que tira um pouco a
visibilidade das bandas que tocam neste palco. Sendo na rua logo após o palco Sun, já ficava no caminho para assistir
ou até mesmo conhecer bandas que estariam ali, estando dentro do teatro, o
fluxo de pessoas me pareceu menor.
Mas é entendível a proposta, já
que, tem toda uma estrutura montada ali e desperdiça-la seria loucura. Falando
do show do Malefactor, os caras não
erram. Tecnicamente impecáveis e uma presença de palco forte e instigante.
Mereciam estar em um dos palcos principais com toda a certeza. Mediante a
qualidade do seu show e musicas.
Muitas expectativas gerou o que
seria a apresentação do Kamelot, já
que com o cancelamento da I Previal,
os americanos também tocariam no domingo e prometiam um set especial. Para o
sábado nada de novidades, o set da tour se manteve em um ótimo show com muita
interação dos fãs e apostando naquela formula teatral que tanto encanta ao
vivo.
Enquanto o palco Sun recebia os folks do Ensiferum (que estavam sem seu
guitarrista Markus Toivonen, devido o mesmo ter que passar por uma cirurgia
ocasionada por uma lesão no tornozelo). No Ice
os britânicos do Saxon davam uma
aula do verdadeiro Heavy Metal!
Como tinham apenas uma hora de
show, não foi possível tocar na integra o clássico “Wheels of Steel” que estão celebrando seus 45 anos. Mas clássicos
não faltaram e mantiveram a energia no alto do começo ao fim. Mostrando que
mesmo com a idade avançada, os velhinhos tem muita lenha para queimar. É
impressionante o quanto canta o lendário Peter “Biff” Byford!
Voltando ainda no show do Ensiferum, fizeram uma boa
apresentação, mas era nítida a falta do guitarrista Markus, já que, em seus
solos a banda optou por deixar um sampler de fundo. Gerando certo incomodo, pois
os solos surgiam e não tínhamos o musico de oficio realizando os mesmos. Mas
fora isso, energia, feeling e caraterização não faltaram em seu show e o
destaque total fica para o baixista Sami Hinkka. Agitando o tempo inteiro,
berrando e debulhando seu contrabaixo. Mostrando um domínio fora de série do
instrumento.
Agora era hora do show mais
esperado por minha pessoa e por muitos ali no Bangers, o poderoso Dark Angel do monstro Gene Hoglan!
Extasiado fiquei ao ver essa
lenda do Thrash Metal, algo que não imaginava que conseguiria algum dia. A
atual formação do Dark Angel está
composta por: Gene Hoglan (bateria – desde 84), Ron Rinehart (vocal – desde
87), Mike Gonzalez (baixo – desde 86) e a monstruosa guitarrista Laura
Christine (desde 2023).
Um show enérgico, técnico e
incrivelmente contagiante. Ron é um showman e demonstra uma simpatia incrível e
uma ferocidade e melodia com seus vocais únicos. Estando sempre interagindo com
os fãs e não ficando apenas em cima do palco, se indo à galera na grade para a
euforia dos headbangers!
Gene dispensa apresentações e
comentários. Um monstro e com o Dark Angel o mesmo mostra ainda mais do que é
capaz. Mike é o tanque de guerra dos graves e transita entre palhetas insanas e
diversificação em seu baixo. Mantendo o peso sempre no talo, já que, Laura
cuida muito bem dos riffs e solos intrincados, tendo neste show a missão de ser a
única guitarrista da banda, mas chamando a responsa para si e dando um show a
parte! (O guitarrista Eric teve problemas com os voos e não conseguiu chegar ao festival).
Resumindo, uma apresentação de
emocionar até mesmo o banger mais true. Uma lenda viva do Heavy Metal ali a
poucos metros de nós destilando seu veneno Thrash do mais alto nível.
Já nos palcos principais do outro
lado do Memorial, as bandas Powerwolf e
Sabaton encerravam a noite. Os lobos
com toda a sua mega produção e pompa. Mostrando ao vocalista Attila Dorn que o
Brasil é o fã mais apaixonado por sua banda. Pegamos apenas o final do show do
Powerwolf.
Pois sabíamos que em algum
momento iriamos ter que escolher entre um show e outro devido à proximidade dos
horários.
No palco Hot era hora dos suecos do Sabaton encerrarem a noite e mesmo
estando fora de tours para gravação do novo álbum, atenderam o chamado do
Bangers Open Air e entregaram tudo em cima do palco. Com seu Power Metal mais
sinfônico e simples, mostraram sua força e do porque serem escolhidos para
headliner.
Confesso que senti falta da super
produção que o Sabaton leva em festivais, como o tanque de guerra embaixo da
bateria, as trincheiras espalhadas pelo palco, os soldados simulando as
guerras... Inclusive pelo plano de fundo, algo que remetia ao antigo Egito e
não as guerras que o Sabaton trata em suas letras.
Mas tirando isso, tivemos fogos,
explosões e muita música de qualidade! A banda como um todo é um show a parte e
o vocalista Joakim Brodén é o maestro deste quinteto infernal.
Até mesmo guitarra da Hello Kitty
surgiu quando um dos roadies entregou a Joakim que ficou sem entender e gerou
muitos risos da plateia. Mas era só aparência de meiga da guitarra, Joakim em
seguida começa com o riff de "Master of Puppets" e abrem espaço para “Resist and
Bite”.
Aos gritos de “Sabaton, Sabaton, Sabaton” o tempo todo,
os músicos perceberam o quanto são adorados em solo brasileiro e temos um
discurso emocionado do baixista Pär Sundström, dizendo que estavam longe dos
palcos a bastante tempo por estarem envolvidos no novo álbum, mas que não
poderiam negar o chamado do Bangers e tocar para o seu publico favorito. Nem
preciso dizer que a plateia explodiu.
Mas o maior momento do show foi à
execução da gigante “Smoking Snakes” dos heróis Cobras Fumantes da guerra.
Levando seus fãs a pura euforia e a bandeira dos Cobras lançada ao palco e
Joakim enrolado na mesma cantando essa, que se tornou um hino em solo brasileiro.
No mais foi uma ótima
apresentação do Sabaton. Sempre bom poder revê-los.
Sobre a qualidade do som em si
dos shows, todos foram satisfatórias, mas no Sabaton os graves pareciam estar
mais salientes, o que fez as guitarras sumirem em alguns instantes e foi se
ajustando ao decorrer da apresentação.
O segundo dia de festival chegava
ao fim com chave de ouro.
Comentários
Postar um comentário