Bangers Open Air – 03/05/25 – Memorial da América Latina (SP)

Por: Renato Sanson

Fotos: Paula (Eye of Odin)

Antes Summer Breeze Brasil e agora Bangers Open Air! Muito se falou sobre essa mudança ficando aquele ar de dúvida do que poderíamos esperar desta continuidade com outro nome e outros organizadores.

A resposta veio nos dias 02, 03 e 04 de maio! Em um evento muito bem organizado e com detalhes corrigidos que nas edições anteriores sob a tutela alemã estavam deixando a desejar.

Nós do Heavy And Hell estávamos presentes nos dias 03 e 04 e traremos a partir das linhas a seguir a nossa experiência com o Bangers Open Air!

Ao chegar ao local o excelente Memorial da América Latina, já pude notar uma diferença das edições anteriores, pois, como fui a todas até agora percebi essa evolução sutil, mas que faz toda a diferença. Como sou cadeirante, nas edições anteriores senti falta de uma entrada adaptada decente para as pessoas com deficiência, e nesta edição tivemos essa melhora e uma entrada digna para os PCD’s o que já me deixou bem animado. Assim como, a retirada da pulseira de credenciamento, um serviço rápido e eficiente. Sem delongas.

Ao entrar no local a estrutura é basicamente a mesma, mas com modificações bem notáveis, como a grande melhora dos banheiros químicos. Estando muito bem postados e sendo higienizados com frequência. Dando aquela sensação de cuidado e acolhimento a quem foi prestigiar o festival.

A sala de imprensa dentro da biblioteca do local tinha todo o suporte a nós jornalistas. Desde um belo freezer recheado de água, refrigerante e sucos. Como também uma bela mesa com ótimos petiscos.

Como são três palcos e temos que nos deslocar entre uma parte e outra do Memorial, a impressão que tivemos é que o mesmo parecia ter mais espaço devido à nova organização e a via para quem usa a passarela para transitar entre ambos os lados também estava bem mais fluida. Assim como as saídas do palco Hot e Ice. Que anteriormente só tinha uma saída a que dificultava e muito os fãs e o trabalho da imprensa. Mas esse problema foi resolvido, e tendo agora saída por ambos os lados, os fãs conseguem sair e voltar sem dificuldades.

O dia iniciou no palco Ice com a banda suíça Burning Witches. Agitando os bangers que ainda chegavam ao local, mas já mostrando que vieram com o pé na porta. O som de certa forma deu uma pequena oscilada e com os graves muito em cima, mas nada que comprometesse o show das meninas que representaram muito bem.

Já no palco Sun tivemos a lendária Viper, desta vez sem o saudoso Pit Passarell, mas com o irmão do nosso eterno Maestro, Daniel Matos. É incrível como o Viper ao vivo é sensacional e a química entre os músicos é única, Todos muito carismáticos e empolgados de estarem mais uma vez neste grande evento. Leandro Caçoilo se mostra a escolha mais do que certa para a voz do Viper e dá um show em desempenho e interpretação.

As 13h era hora do retorno dos suecos do H.E.A.T e se tinha muita expectativa em volta do show, pois quem os viu a primeira vez em 2023 sabia que o show era uma entrega absoluta. Então posso te dizer sem duvidas que este não foi diferente, era visível em suas expressões a satisfação de estarem ali tocando para um publico tão apaixonado e cheio de energia. Cantando cada refrão e deixando os suecos extasiado e claro, prometendo voltar a solo brasileiro onde são tão queridos.

Sem muito tempo para respirar as 14h10 (apenas 10 minutos de diferença entre o show do H.E.A.T) os americanos do Municipal Waste tomam conta do palco Ice com seu Thrash/Crossover de primeira. Empolgante, visceral e uma presença de palco absurda dos músicos, todos parecendo que saíram de um túnel do tempo dos anos 80 e ali estavam nos presenteando com sua música.

Comunicativos e esbanjando simpatia foi uma pedrada atrás da outra, com rodas e moshs onde só se viam os coletes voarem e alguns copos de cerveja (risos). Mas foi um show abençoado, pois até Jesus estava lá, um fã vestido foi levantado pela plateia fazendo o vocalista Tony Foresta rir e dizer que: “Jesus está entre nós!”

Até o Goku apareceu no show do Municipal, que saiu do palco muito ovacionado em um dos melhores shows do Bangers.

Desta vez o palco Waves não estava na rua como anteriormente, mas sim dentro do Teatro do Memorial, o que foi um fato curioso. Então corri para o mesmo para conferir o show do Malefactor. Gerou-me certa estranheza optar por essa solução para o Waves, mas que de certa forma funciona, mas penso que tira um pouco a visibilidade das bandas que tocam neste palco. Sendo na rua logo após o palco Sun, já ficava no caminho para assistir ou até mesmo conhecer bandas que estariam ali, estando dentro do teatro, o fluxo de pessoas me pareceu menor.

Mas é entendível a proposta, já que, tem toda uma estrutura montada ali e desperdiça-la seria loucura. Falando do show do Malefactor, os caras não erram. Tecnicamente impecáveis e uma presença de palco forte e instigante. Mereciam estar em um dos palcos principais com toda a certeza. Mediante a qualidade do seu show e musicas.

Muitas expectativas gerou o que seria a apresentação do Kamelot, já que com o cancelamento da I Previal, os americanos também tocariam no domingo e prometiam um set especial. Para o sábado nada de novidades, o set da tour se manteve em um ótimo show com muita interação dos fãs e apostando naquela formula teatral que tanto encanta ao vivo.

Enquanto o palco Sun recebia os folks do Ensiferum (que estavam sem seu guitarrista Markus Toivonen, devido o mesmo ter que passar por uma cirurgia ocasionada por uma lesão no tornozelo). No Ice os britânicos do Saxon davam uma aula do verdadeiro Heavy Metal!

Como tinham apenas uma hora de show, não foi possível tocar na integra o clássico “Wheels of Steel” que estão celebrando seus 45 anos. Mas clássicos não faltaram e mantiveram a energia no alto do começo ao fim. Mostrando que mesmo com a idade avançada, os velhinhos tem muita lenha para queimar. É impressionante o quanto canta o lendário Peter “Biff” Byford!

Voltando ainda no show do Ensiferum, fizeram uma boa apresentação, mas era nítida a falta do guitarrista Markus, já que, em seus solos a banda optou por deixar um sampler de fundo. Gerando certo incomodo, pois os solos surgiam e não tínhamos o musico de oficio realizando os mesmos. Mas fora isso, energia, feeling e caraterização não faltaram em seu show e o destaque total fica para o baixista Sami Hinkka. Agitando o tempo inteiro, berrando e debulhando seu contrabaixo. Mostrando um domínio fora de série do instrumento.

Agora era hora do show mais esperado por minha pessoa e por muitos ali no Bangers, o poderoso Dark Angel do monstro Gene Hoglan!

Extasiado fiquei ao ver essa lenda do Thrash Metal, algo que não imaginava que conseguiria algum dia. A atual formação do Dark Angel está composta por: Gene Hoglan (bateria – desde 84), Ron Rinehart (vocal – desde 87), Mike Gonzalez (baixo – desde 86) e a monstruosa guitarrista Laura Christine (desde 2023).

Um show enérgico, técnico e incrivelmente contagiante. Ron é um showman e demonstra uma simpatia incrível e uma ferocidade e melodia com seus vocais únicos. Estando sempre interagindo com os fãs e não ficando apenas em cima do palco, se indo à galera na grade para a euforia dos headbangers!

Gene dispensa apresentações e comentários. Um monstro e com o Dark Angel o mesmo mostra ainda mais do que é capaz. Mike é o tanque de guerra dos graves e transita entre palhetas insanas e diversificação em seu baixo. Mantendo o peso sempre no talo, já que, Laura cuida muito bem dos riffs e solos intrincados, tendo neste show a missão de ser a única guitarrista da banda, mas chamando a responsa para si e dando um show a parte! (O guitarrista Eric teve problemas com os voos e não conseguiu chegar ao festival).

Resumindo, uma apresentação de emocionar até mesmo o banger mais true. Uma lenda viva do Heavy Metal ali a poucos metros de nós destilando seu veneno Thrash do mais alto nível.

Já nos palcos principais do outro lado do Memorial, as bandas Powerwolf e Sabaton encerravam a noite. Os lobos com toda a sua mega produção e pompa. Mostrando ao vocalista Attila Dorn que o Brasil é o fã mais apaixonado por sua banda. Pegamos apenas o final do show do Powerwolf.

Pois sabíamos que em algum momento iriamos ter que escolher entre um show e outro devido à proximidade dos horários.

No palco Hot era hora dos suecos do Sabaton encerrarem a noite e mesmo estando fora de tours para gravação do novo álbum, atenderam o chamado do Bangers Open Air e entregaram tudo em cima do palco. Com seu Power Metal mais sinfônico e simples, mostraram sua força e do porque serem escolhidos para headliner.

Confesso que senti falta da super produção que o Sabaton leva em festivais, como o tanque de guerra embaixo da bateria, as trincheiras espalhadas pelo palco, os soldados simulando as guerras... Inclusive pelo plano de fundo, algo que remetia ao antigo Egito e não as guerras que o Sabaton trata em suas letras.

Mas tirando isso, tivemos fogos, explosões e muita música de qualidade! A banda como um todo é um show a parte e o vocalista Joakim Brodén é o maestro deste quinteto infernal.

Até mesmo guitarra da Hello Kitty surgiu quando um dos roadies entregou a Joakim que ficou sem entender e gerou muitos risos da plateia. Mas era só aparência de meiga da guitarra, Joakim em seguida começa com o riff de "Master of Puppets" e abrem espaço para “Resist and Bite”.

Aos gritos de “Sabaton, Sabaton, Sabaton” o tempo todo, os músicos perceberam o quanto são adorados em solo brasileiro e temos um discurso emocionado do baixista Pär Sundström, dizendo que estavam longe dos palcos a bastante tempo por estarem envolvidos no novo álbum, mas que não poderiam negar o chamado do Bangers e tocar para o seu publico favorito. Nem preciso dizer que a plateia explodiu.

Mas o maior momento do show foi à execução da gigante “Smoking Snakes” dos heróis Cobras Fumantes da guerra. Levando seus fãs a pura euforia e a bandeira dos Cobras lançada ao palco e Joakim enrolado na mesma cantando essa, que se tornou um  hino em solo brasileiro.

No mais foi uma ótima apresentação do Sabaton. Sempre bom poder revê-los.

Sobre a qualidade do som em si dos shows, todos foram satisfatórias, mas no Sabaton os graves pareciam estar mais salientes, o que fez as guitarras sumirem em alguns instantes e foi se ajustando ao decorrer da apresentação.

O segundo dia de festival chegava ao fim com chave de ouro.








 

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