Por: Renato Sanson
Fotos: Paula (Eye of Odin)
Fotos Warshipper: Wel Penilha /
MHermes Arts
Então chegamos para o terceiro dia do Bangers Open Air, em mais uma manhã fria em São Paulo. Com certa ameaça de chuva, mas Odin nos abençoou para o caldeirão que seria o último dia de festival.
Muitos reclamam que não temos
renovação em nosso meio. Mas o que percebi nesses dois dias foi uma renovação
de público. Muitos jovens no evento, assim como crianças também, que até certa
idade não pagavam acompanhado dos responsáveis.
Uma galera nova, participativa e
consumindo música! Muitos inclusive adeptos da mídia física. Em relação a lojas
de discos dentro do evento, notei uma baixa comparado aos anos anteriores, que
tinham diversas lojas com vinil, CD’s, K-7 e por aí vai...
Nesta edição vi ao todo três
lojas de CD’s. Assim como a diminuição de tatuadores que também fizeram grande
presença na edição anterior. Em relação ao merch de camisetas e assessórios,
tínhamos bancas para todos os gostos.
Assim como ótimos locais para
bebidas e lanches rápidos e muitos locais para área de descanso e os pontos com
água mineral liberado. O que ajuda e muito, pois o sol se fez presente e não
nos poupou.
Outro ponto que não posso deixar
de mencionar foram os Signing Sessions.
Que estava em um novo local e com uma dinâmica diferente. Desta vez, a
organização estava liberando 100 fichas por banda, possibilitando os fãs de
voltarem a curtir os shows e só retornarem para fila perto do horário da sessão
do seu artista.
Muitos momentos épicos vivi nesta
parte do festival, e fui figura cativa em muitas bandas que sou fã. Tudo muito
bem organizado e pontual. Destaco aqui as sessões com o Malefactor, Kerry King, Sabaton, Dynazty, Destruction...
Esse atrativo é demais e nos
proporciona estar perto dos nossos ídolos por um instante!
O Metal Sinfônico do Beyond the Black abria o palco ICE e encantava os fãs com suas
melodias e o carisma incrível da vocalista Jennifer Haben. Trazendo sutiliza
força e uma áurea encantadora. Os alemães saíram ovacionados pelos presentes.
No palco SUN era hora de um dos maiores nomes da história do Heavy Metal nacional,
o poderoso Dorsal Atlântica do polêmico
Carlos Lopes. Que entrou em cena com uma guitarra baiana para surpresa de
muitos! Destilando riffs poderosos, solos para todos os lados e sua mensagem
feroz, assim como os seus discursos entre uma música e outra. O Dorsal é
patrimônio nacional e entregaram um show incrível.
Dentro do teatro no palco WAVES pude conferir o show da Hatefulmurder. Apresentação impecável e
uma banda que se mostra cada vez melhor e sendo um orgulho nacional. Também
assisti uma parte do tributo a Ronnie
James Dio capitaneado pelo vocalista Nando Fernandes e com diversas
participações especiais.
Eu retornaria ao palco WAVES mais ao final do evento, mas isso
é história para as linhas a seguir.
Um começo de tarde agitado e para
deixar ainda melhor, o que acha de conferir um show do Vader para a hora do café?! As 15h os poloneses iniciavam o seu
massacre no palco SUN e nada mais
nada menos que uma aula do mais puro e bruto Death Metal. Peter é um frontman
inigualável e tecnicamente impecável com sua guitarra. Mas a banda como um todo
soa como um tanque de guerra e não perderam tempo com muita conversa e sim
clássico atrás de clássico como: “Black
to the Blind”, “Dark Age”, “Silent Empire” e “Helleluyah!!! (God Is Dead)”.
Já no palco HOT o Kamelot retornava
para a sua segunda apresentação, mas não vimos nada de novo em relação à
setlist. Tivemos praticamente o mesmo set, só que desta vez sem os solos
individuais dos músicos.
Confesso que me decepcionou, pois
a propaganda feita em torno deste segundo show é que os fãs teriam um dos dias
com um setlist especial. Muito se falou também da remota possibilidade da
participação de Roy Khan. Mas no fim tivemos mais do mesmo.
No palco ICE todos estavam prontos para receber o primeiro show em solo
brasileiro da banda Kerry King. Uma
verdadeira constelação do Thrash Metal e onde divulgavam seu excelente debut “From
Hell I Rise” (24). Mas claro, por ser um eterno Slayer os fãs queriam sangue (risos).
De certa forma tiveram, pois
bastou o “Rei” entrar em cena com sua trupe e o Memorial virou um verdadeiro
caldeirão! Kerry mantem aquele jeitão dele único, não importando se está
tocando para 500 ou 20 mil pessoas, mas tem seu próprio carisma e brilho. Até
mesmo as poucas interações com a plateia o mesmo era ovacionado.
Phil Demmel (Vio-lence, ex-Machine Head) faz uma dupla do mais alto
nível com King e fazendo jus ao legado deste musico lendário. Kyle Sanders (ex-Hellyeah) e o
baterista Paul Bostaph (ex-Slayer)
formam aquela solidez rítmica impactante e poderosa. Completado pelo vocalista Mark Osegueda (Death Angel) que é um
show a parte em presença e simpatia. Falando com o público o tempo todo e
deixando claro o quanto estavam felizes de estarem ali e sentindo toda aquela
energia!
Mas aí vocês me perguntam: “e os Slayers tiveram?” Claro que sim!
“Disciple”, “Raining Blood” e “Black Magic” fizeram a alegria dos fãs e
redefiniram o status de moshpit.
Ainda teve tempo para uma
homenagem a Paul Di’anno e a execução de “Killers” do Iron Maiden.
Uma estreia e tanto em solo
nacional e o saldo mais que positivo, já que, as composições novas caíram muito
bem e soam ainda melhores ao vivo. Agora é esperar por esse retorno o mais
breve possível.
Poucos minutos depois os bardos
do Blind Guardian entrariam em cena
para mais um show épico e emocionante! Esta foi à sétima vez que vejo os
alemães e sempre é empolgante. Uma banda que ao vivo são verdadeiros mestres e
donos de uma das discografias mais sólidas do Metal, o que faz um show cheio de
clássicos, deixar outros clássicos de fora, tamanha a qualidade.
Vale lembrar que o Blind não
estava escalado para está edição, entraram de última hora após alguns
cancelamentos e digo que foi a escolha acertada, pois Guardian nunca é demais!
Ovacionados do começo ao fim, os
alemães entregaram mais um grande show e emocionaram São Paulo mais uma vez. O
guitarrista André Olbrich estava de aniversário um dia antes e Hansi fez
questão de puxar o famigerado “parabéns pra você”, cantado em português pela
plateia. Mais um grande momento descontraído, desta instituição do Heavy Metal
mundial.
Encerra-se o show dos Bardos e no
palco ICE teríamos um dos shows mais
esperados do festival como um todo e o mais esperado por minha pessoa em
décadas para poder vê-los. Era hora do senhor Black Lawless e o seu W.A.S.P!
Que tinha anunciado que não
teríamos o show da tour comemorativa do debut “W.A.S.P.” lançado em 1984, mas
sim um show com vários hits da carreira.
Mas o senhor Black nos enganou
bonito e o início com “I Wanna Be Somebody” e “L.O.V.E. Machine” constatou que
teríamos sim o set da tour comemorativa. Um show impecável, com um time de
músicos incríveis (destacando o baterista brasileiro Aquiles Priester) e
Lawless comandando a festa toda, com um vocal ainda poderoso e muito marcante.
Sem contar a sua energia ao vivo
que contagia os fãs. Um show que foi um verdadeiro greatest hits. Pois, após o debut ter sido tocado na íntegra,
tivemos mais clássicos da carreira do W.A.S.P. Emocionando a todos com um telão
que mostrava toda essa trajetória desde os primórdios.
Ao anunciar Aquiles na bateria,
Black e os demais músicos deixam o palco e o baterista se dirige ao microfone e
diz que foi questionado enquanto estava na van indo para o show, se ele
preferia fazer um solo de bateria ou conversar com o seu público. Um discurso
muito emocional e dizendo que aquele era o maior show da sua carreira, estar
tocando com uma lenda diante do seu país!
Sensacional ver o Aquiles aonde
chegou, acompanho a carreira do mesmo desde o seu início em Porto Alegre e hoje
o vemos se tornando uma lenda da bateria, uma referencia quando se fala em dois
bumbos.
Ao retornarem ao palco tivemos: “Forever
Free” emendada com “The Headless Children”, “Wild Child” e “Blind Texas”. Posso
dizer por mim e por muitos que estavam ali: alma lavada no melhor show do Fest!
Finalizando o show do W.A.S.P
saio em disparada para o teatro do outro lado para poder conferir o final do
show da Warshipper. Banda paulistana
de Death Metal capitaneada pelo já lendário Renan Roveran (ex-Bywar). Um Death
Metal primoroso, com uma avalanche de riffs e quebras intrincadas e com aquelas
melodias latentes de arrepiar. O que o Warshipper vem fazendo nos últimos
lançamentos é algo bem único. Uma sonoridade que não tem medo de inovar e fazer
o diferente, sem esquecer sua essência. Isso transcrito para o ao vivo é uma
apoteose do mais puro caos em formato sonoro. Uma banda que mostra muita
personalidade e uma presença de palco forte e cativante. Um dos maiores nomes
do Metal extremo da atualidade e mais um orgulho nacional. Temos a melhor cena
do mundo em relação a bandas!
Parabéns ao Warshipper e merecem também o palco principal!
Encerrando a noite, de um lado
tínhamos o épico Avantasia e do
outro a brutalidade do Destruction,
que também entrou para o cast de última hora e prometeu um show diferente, onde
tocaram na íntegra o clássico “Infernal Overkill” de 1985.
O palco todo temático em volta do
álbum e a trupe de Schmier (baixo/vocal) não decepcionou e entregou um show
histórico e repleto de clássicos! Não tem como não se empolgar ao ouvir os
primeiros acordes de “Invincible Force”, a brutalidade de “Death Trap”, e a
rtifferama de “Bestial Invasion”. Uma aula do mais puro Thrash alemão, trazendo
essa formação com duas guitarras que ao vivo ganha muita força e deixa seu som
ainda mais potente.
Ao final do set especial, era
hora de mais uma ebriez de meteoros, entoando clássicos de todas as fases de
sua carreira como: “Curse the Gods” e “Nailed to the Cross”. Fechando de forma
gloriosa o terceiro dia de Bangers Open Air!
Assim como o Avantasia e toda a sua produção megalomaníaca com telões temáticos,
participações especiais e um set na medida para os fãs.
Tinham-se duvidas se o B.O.A iria
se manter vivo, aí está a resposta em um festival muito bem organizado, muito
bem produzido, cast de bandas para todos os gostos e com a edição de 2026 já
anunciada com os Blind Tickets a venda.
Estaremos lá novamente e você?
Não perde essa oportunidade de ir a um dos melhores festivais do mundo!
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