Bangers Open Air – 04/05/25 – Memorial da América Latina (SP)

 

Por: Renato Sanson

Fotos: Paula (Eye of Odin)

Fotos Warshipper: Wel Penilha / MHermes Arts

Então chegamos para o terceiro dia do Bangers Open Air, em mais uma manhã fria em São Paulo. Com certa ameaça de chuva, mas Odin nos abençoou para o caldeirão que seria o último dia de festival.

Muitos reclamam que não temos renovação em nosso meio. Mas o que percebi nesses dois dias foi uma renovação de público. Muitos jovens no evento, assim como crianças também, que até certa idade não pagavam acompanhado dos responsáveis.

Uma galera nova, participativa e consumindo música! Muitos inclusive adeptos da mídia física. Em relação a lojas de discos dentro do evento, notei uma baixa comparado aos anos anteriores, que tinham diversas lojas com vinil, CD’s, K-7 e por aí vai...

Nesta edição vi ao todo três lojas de CD’s. Assim como a diminuição de tatuadores que também fizeram grande presença na edição anterior. Em relação ao merch de camisetas e assessórios, tínhamos bancas para todos os gostos.

Assim como ótimos locais para bebidas e lanches rápidos e muitos locais para área de descanso e os pontos com água mineral liberado. O que ajuda e muito, pois o sol se fez presente e não nos poupou.

Outro ponto que não posso deixar de mencionar foram os Signing Sessions. Que estava em um novo local e com uma dinâmica diferente. Desta vez, a organização estava liberando 100 fichas por banda, possibilitando os fãs de voltarem a curtir os shows e só retornarem para fila perto do horário da sessão do seu artista.

Muitos momentos épicos vivi nesta parte do festival, e fui figura cativa em muitas bandas que sou fã. Tudo muito bem organizado e pontual. Destaco aqui as sessões com o Malefactor, Kerry King, Sabaton, Dynazty, Destruction...

Esse atrativo é demais e nos proporciona estar perto dos nossos ídolos por um instante!

O Metal Sinfônico do Beyond the Black abria o palco ICE e encantava os fãs com suas melodias e o carisma incrível da vocalista Jennifer Haben. Trazendo sutiliza força e uma áurea encantadora. Os alemães saíram ovacionados pelos presentes.

No palco SUN era hora de um dos maiores nomes da história do Heavy Metal nacional, o poderoso Dorsal Atlântica do polêmico Carlos Lopes. Que entrou em cena com uma guitarra baiana para surpresa de muitos! Destilando riffs poderosos, solos para todos os lados e sua mensagem feroz, assim como os seus discursos entre uma música e outra. O Dorsal é patrimônio nacional e entregaram um show incrível.

Dentro do teatro no palco WAVES pude conferir o show da Hatefulmurder. Apresentação impecável e uma banda que se mostra cada vez melhor e sendo um orgulho nacional. Também assisti uma parte do tributo a Ronnie James Dio capitaneado pelo vocalista Nando Fernandes e com diversas participações especiais.

Eu retornaria ao palco WAVES mais ao final do evento, mas isso é história para as linhas a seguir.

Um começo de tarde agitado e para deixar ainda melhor, o que acha de conferir um show do Vader para a hora do café?! As 15h os poloneses iniciavam o seu massacre no palco SUN e nada mais nada menos que uma aula do mais puro e bruto Death Metal. Peter é um frontman inigualável e tecnicamente impecável com sua guitarra. Mas a banda como um todo soa como um tanque de guerra e não perderam tempo com muita conversa e sim clássico atrás de clássico como:  “Black to the Blind”, “Dark Age”, “Silent Empire” e “Helleluyah!!! (God Is Dead)”.

Já no palco HOT o Kamelot retornava para a sua segunda apresentação, mas não vimos nada de novo em relação à setlist. Tivemos praticamente o mesmo set, só que desta vez sem os solos individuais dos músicos.

Confesso que me decepcionou, pois a propaganda feita em torno deste segundo show é que os fãs teriam um dos dias com um setlist especial. Muito se falou também da remota possibilidade da participação de Roy Khan. Mas no fim tivemos mais do mesmo.

No palco ICE todos estavam prontos para receber o primeiro show em solo brasileiro da banda Kerry King. Uma verdadeira constelação do Thrash Metal e onde divulgavam seu excelente debut “From Hell I Rise” (24). Mas claro, por ser um eterno Slayer os fãs queriam sangue (risos).

De certa forma tiveram, pois bastou o “Rei” entrar em cena com sua trupe e o Memorial virou um verdadeiro caldeirão! Kerry mantem aquele jeitão dele único, não importando se está tocando para 500 ou 20 mil pessoas, mas tem seu próprio carisma e brilho. Até mesmo as poucas interações com a plateia o mesmo era ovacionado.

Phil Demmel (Vio-lence, ex-Machine Head) faz uma dupla do mais alto nível com King e fazendo jus ao legado deste musico lendário. Kyle Sanders (ex-Hellyeah) e o baterista Paul Bostaph (ex-Slayer) formam aquela solidez rítmica impactante e poderosa. Completado pelo vocalista Mark Osegueda (Death Angel) que é um show a parte em presença e simpatia. Falando com o público o tempo todo e deixando claro o quanto estavam felizes de estarem ali e sentindo toda aquela energia!

Mas aí vocês me perguntam: “e os Slayers tiveram?” Claro que sim! “Disciple”, “Raining Blood” e “Black Magic” fizeram a alegria dos fãs e redefiniram o status de moshpit.

Ainda teve tempo para uma homenagem a Paul Di’anno e a execução de “Killers” do Iron Maiden.

Uma estreia e tanto em solo nacional e o saldo mais que positivo, já que, as composições novas caíram muito bem e soam ainda melhores ao vivo. Agora é esperar por esse retorno o mais breve possível.

Poucos minutos depois os bardos do Blind Guardian entrariam em cena para mais um show épico e emocionante! Esta foi à sétima vez que vejo os alemães e sempre é empolgante. Uma banda que ao vivo são verdadeiros mestres e donos de uma das discografias mais sólidas do Metal, o que faz um show cheio de clássicos, deixar outros clássicos de fora, tamanha a qualidade.

Vale lembrar que o Blind não estava escalado para está edição, entraram de última hora após alguns cancelamentos e digo que foi a escolha acertada, pois Guardian nunca é demais!

Ovacionados do começo ao fim, os alemães entregaram mais um grande show e emocionaram São Paulo mais uma vez. O guitarrista André Olbrich estava de aniversário um dia antes e Hansi fez questão de puxar o famigerado “parabéns pra você”, cantado em português pela plateia. Mais um grande momento descontraído, desta instituição do Heavy Metal mundial.

Encerra-se o show dos Bardos e no palco ICE teríamos um dos shows mais esperados do festival como um todo e o mais esperado por minha pessoa em décadas para poder vê-los. Era hora do senhor Black Lawless e o seu W.A.S.P!

Que tinha anunciado que não teríamos o show da tour comemorativa do debut “W.A.S.P.” lançado em 1984, mas sim um show com vários hits da carreira.

Mas o senhor Black nos enganou bonito e o início com “I Wanna Be Somebody” e “L.O.V.E. Machine” constatou que teríamos sim o set da tour comemorativa. Um show impecável, com um time de músicos incríveis (destacando o baterista brasileiro Aquiles Priester) e Lawless comandando a festa toda, com um vocal ainda poderoso e muito marcante.

Sem contar a sua energia ao vivo que contagia os fãs. Um show que foi um verdadeiro greatest hits. Pois, após o debut ter sido tocado na íntegra, tivemos mais clássicos da carreira do W.A.S.P. Emocionando a todos com um telão que mostrava toda essa trajetória desde os primórdios.

Ao anunciar Aquiles na bateria, Black e os demais músicos deixam o palco e o baterista se dirige ao microfone e diz que foi questionado enquanto estava na van indo para o show, se ele preferia fazer um solo de bateria ou conversar com o seu público. Um discurso muito emocional e dizendo que aquele era o maior show da sua carreira, estar tocando com uma lenda diante do seu país!

Sensacional ver o Aquiles aonde chegou, acompanho a carreira do mesmo desde o seu início em Porto Alegre e hoje o vemos se tornando uma lenda da bateria, uma referencia quando se fala em dois bumbos.

Ao retornarem ao palco tivemos: “Forever Free” emendada com “The Headless Children”, “Wild Child” e “Blind Texas”. Posso dizer por mim e por muitos que estavam ali: alma lavada no melhor show do Fest!

Finalizando o show do W.A.S.P saio em disparada para o teatro do outro lado para poder conferir o final do show da Warshipper. Banda paulistana de Death Metal capitaneada pelo já lendário Renan Roveran (ex-Bywar). Um Death Metal primoroso, com uma avalanche de riffs e quebras intrincadas e com aquelas melodias latentes de arrepiar. O que o Warshipper vem fazendo nos últimos lançamentos é algo bem único. Uma sonoridade que não tem medo de inovar e fazer o diferente, sem esquecer sua essência. Isso transcrito para o ao vivo é uma apoteose do mais puro caos em formato sonoro. Uma banda que mostra muita personalidade e uma presença de palco forte e cativante. Um dos maiores nomes do Metal extremo da atualidade e mais um orgulho nacional. Temos a melhor cena do mundo em relação a bandas!

Parabéns ao Warshipper e merecem também o palco principal!

Encerrando a noite, de um lado tínhamos o épico Avantasia e do outro a brutalidade do Destruction, que também entrou para o cast de última hora e prometeu um show diferente, onde tocaram na íntegra o clássico “Infernal Overkill” de 1985.

O palco todo temático em volta do álbum e a trupe de Schmier (baixo/vocal) não decepcionou e entregou um show histórico e repleto de clássicos! Não tem como não se empolgar ao ouvir os primeiros acordes de “Invincible Force”, a brutalidade de “Death Trap”, e a rtifferama de “Bestial Invasion”. Uma aula do mais puro Thrash alemão, trazendo essa formação com duas guitarras que ao vivo ganha muita força e deixa seu som ainda mais potente.

Ao final do set especial, era hora de mais uma ebriez de meteoros, entoando clássicos de todas as fases de sua carreira como: “Curse the Gods” e “Nailed to the Cross”. Fechando de forma gloriosa o terceiro dia de Bangers Open Air!

Assim como o Avantasia e toda a sua produção megalomaníaca com telões temáticos, participações especiais e um set na medida para os fãs.

Tinham-se duvidas se o B.O.A iria se manter vivo, aí está a resposta em um festival muito bem organizado, muito bem produzido, cast de bandas para todos os gostos e com a edição de 2026 já anunciada com os Blind Tickets a venda.

Estaremos lá novamente e você? Não perde essa oportunidade de ir a um dos melhores festivais do mundo!








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